Os bancos usam a greve politicamente

É evidente que os bancos utilizam a greve dos bancários politicamente. A questão não é se podem ou não atender as reivindicações. Até porque os números comprovam que as empresas vão bem. Seguem com lucro recorde, na casa dos R$ 29 bilhões em apenas seis meses.
 
O que está em jogo são os interesses do setor mais rico da economia, que quer impor um reajuste abaixo da inflação. Uma tendência daqui para frente nas mais diversas categorias de trabalhadores. As empresas usam a desculpa da crise para começar a retirar direitos e impor perdas. 
 
Segundo o presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, Emanoel Souza, o objetivo é derrotar uma categoria de ponta, como os bancários, o que teria reflexos nas campanhas salariais dos demais trabalhadores que negociam reajuste neste ano. "A intenção é estabelecer o que eles chamam de 'âncora salarial', com redução do poder de compra, do consumo e assim manter a inflação sob controle. É a mesma lógica usada na década de 90 pelo governo FHC, com arrocho e política de reajuste zero", diz.
 
O entendimento fica claro nas ações movidas pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em diversos estados contra o direito de greve. No Rio Grande do Sul, uma associação de donas de casa, ligada ao MBL (Movimento Brasil Livre) entrou na Justiça para obrigar a reabertura dos bancos. Tem ainda os interditos proibitórios impetrados pelos bancos, além do assédio e das ameaças. 
 
“Temos de resistir a todo custo. A greve agora precisa passar para outro patamar. É preciso que os bancários tomem as ruas para ganhar o apoio dos clientes e da população em geral", conclui Emanoel.