Com dupla jornada, mulher trabalha mais

A tradicional divisão de gênero do trabalho atribui ao homem o papel de provedor da família e à mulher o de cuidadora da casa e da família, ainda permanece com força na sociedade brasileira, a despeito das muitas conquistas obtidas pelas mulheres nas esferas públicas e de mercado, nas últimas décadas.


Segundo a Pnad, em 2006, 92% das mulheres ocupadas no Brasil declararam realizar tarefas domésticas e de cuidados, contra apenas 52,1% dos homens ocupados. Em 2015, quase 10 anos depois, os percentuais praticamente não haviam se alterado, com 91% das mulheres e 53% dos homens declarando o envolvimento em algum tipo de trabalho doméstico. 


Considerando a dupla jornada, ou seja, o somatório das horas dedicadas aos afazeres domésticos e ao trabalho na ocupação econômica, as mulheres praticaram, em 2014, jornada semanal média de 54,7 horas, contra 46,7 horas, no caso dos homens. Significa que elas trabalharam a cada semana, em média, 8 horas a mais do que os homens, o que, em termos anualizados, corresponde a um excedente de 66 dias (mais de dois meses) de trabalho, considerando jornada padrão de 44 horas semanais.