Prevenção ao suicídio é uma luta de todos 

O Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio, começa com uma informação preocupante. O assédio moral adoece e mata. Os bancários sabem disso. A categoria é a terceira em número de suicídios no país, atrás dos policiais e médicos. Quando se trata de afastamento por problemas psicológicos decorrentes do trabalho, os bancários da Bahia pulam para o primeiro lugar.

Dados do Ministério Público do Trabalho revelam que, se antes os trabalhadores eram afastados em decorrência das LER/Dorts, hoje o assédio é o principal motivo. O relatório aponta que 78% das denúncias feitas contra os bancos no Estado entre 2012 e 2014 são decorrentes da prática.

Uma realidade perversa e pouco conhecida pela sociedade. Preocupado com os dados, o Sindicato da Bahia realiza durante todo o mês uma ampla campanha de prevenção ao suicídio e as doenças psicológicas decorrentes do trabalho.

Entre as atividades, visita às agências e uma palestra sobre Adoecimento psicológico na categoria bancária. O evento acontece no dia 15 de setembro, às 8h30, no teatro Raul Seixas, no Sindicato dos Bancários. Entre as convidadas com presença confirmada, a procuradora do Trabalho, Ana Emília Albuquerque, e as médicas Suerda Fortaleza de Souza (Cesat) e Cristiane Maria Galvão Barbosa (Fundacentro).

Depoimentos

Caso no Santander 
Após assédio e perseguição constantes por parte de uma gestora do Santander e ser agredido durante assalto, o marido de Maria Antonia* passou a sofrer ansiedade, insônia e acabou evoluindo para depressão. Para tentar amenizar o sofrimento, por muito tempo tomou remédio controlado para dormir por conta própria. Um risco à saúde. Somente depois de um bom tempo com quadro depressivo, procurou acompanhamento de psicólogo e psiquiatra. 
Como o quadro evoluiu
Segundo relato de Maria Antonia*, a gerente ameaçava o funcionário e cobrava metas inatingíveis. Comparava o desempenho dele com o de um mais novo na frente de todos. Chegava a ameaçá-lo de que tinha tempo contado no banco. No último retorno de afastamento, ficou sem fazer nada. Deram apenas uma cadeira, um computador e nenhuma função durante um ano. 

Caso do Itaú
Os primeiros sintomas da esposa de Pedro*, bancária há 13 anos no Itaú, foram dores de cabeça frequentes. Logo depois, irritação constante, que levou a várias brigas por motivos banais e a tornava extremamente impaciente e intolerante, principalmente com a filha, hoje com 6 anos. Chegou um momento que ela só chorava. Tanto em casa quanto no trabalho. 
Após diversas consultas com psicólogos e psiquiatras, em 2016, foi diagnosticada com Síndrome de Burnout - consequência do acúmulo excessivo de estresse, tornando o dia de trabalho em sacrifício que envolve nervosismo, sofrimento psicológico e problemas físicos. Ela nem conseguia entrar em uma agência do Itaú. Mesmo que fosse para fazer um simples saque. Começava a chorar, a tremer e a sentir pânico. Por dois anos, ficou afastada do banco, sob a guarda do INSS, retornando às atividades há cerca de três meses.