Protagonismo feminino do Prêmio Alice Bottas

A necessidade de expansão do protagonismo feminino deu o tom dos discursos das homenageadas na quinta edição do Prêmio Alice Bottas. A noite desta sexta-feira (22/03), no MAB (Museu de Arte da Bahia), foi de brilho e festa, mas, acima de tudo, de consciência do papel que a mulher deve ocupar na sociedade brasileira.

O empoderamento feminino foi reforçado nas falas das grandes estrelas da noite: Arany Santana, que recebeu o prêmio na categoria Cultura, Rosemeire Fernandes (Justiça), Olívia Santana (Política), Pâmela Lucciola (Comunicação), Ana Georgina Dias (Ciência e Pesquisa), Juvandia Moreira (Bancária), Patrícia Teodolina (Acessibilidade e Inclusão Social), e Stefane Rufino e Fabrícia Alves (Esporte). Sem dúvida, a emoção tomou conta de cada depoimento. Foram lindos e valiosos. 


À frente do Departamento de Gênero, a diretora do Sindicato dos Bancários da Bahia, Martha Rodrigues, fez questão de elogiar a atuação destacada das premiadas e reafirmou o compromisso da entidade na busca por igualdade e fim do preconceito. 


O presidente do Sindicato, Augusto Vasconcelos, resgatou a história da participação feminina no Sindicato. Ele lembrou que, na década de 1980, mulheres ousadas resolveram fundar o Coletivo de Gênero, o que naquela época era uma atitude inovadora. Depois, o Sindicato criou a primeira Diretoria de Gênero de uma entidade sindical na Bahia. Voltou ainda mais no tempo, e falou sobre a primeira diretora do SBBA, em 1934, Alice Bottas, que dá nome ao prêmio.


De lá para cá, o Sindicato sempre lutou pela equidade de gênero, nos bancos e na sociedade. E o fato foi reconhecido na noite do prêmio, que contou com a bela voz da cantora Aline Barr.

 

Com a palavra, as homenageadas    
Arany Santana

Professora, atriz e ex-diretora do Ilê Aiyê, Arany Santana foi a primeira mulher a assumir a Secretaria de Cultura da Bahia. Tem trabalhado para assegurar a cidadania cultural no Estado. 

“É muito momento histórico para mim, eu quero agradecer. Aqui me sinto lisonjeada e agraciada com essa premiação tão importante, que leva o nome de uma mulher que estava à frente do tempo. Conheço este Sindicato desde os anos 70. Entidade tão ativa e participativa na luta do trabalhador". 

Rosemeire Fernandes
Juíza e diretora da Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho), Rosemeire Fernandes faz a diferença no campo da Justiça. Para ela, o trabalho do juiz não se limita à mesa de audiência. Ela se destaca na defesa dos direitos humanos. 

“Não nasci de toga. Estou juíza, mas também fui bancária por nove anos. Hoje, recebo, aceito e agradeço este prêmio e as mulheres que construíram o caminho para que a gente chegasse até aqui”.

Olívia Santana 
Primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa da Bahia,a deputada estadual Olívia Santana acredita que a conjuntura requer mais quadros para a luta política, democrática, em defesa de um Brasil melhor e mais justo.

“Fora da política não há salvação. É uma das melhores formas transformação social. Eu quero agradecer ao Sindicato dos Bancários por essa homenagem. Foi lá que eu fiz a primeira palestra da minha vida, nos anos 80, quando um grupo de feminista fez uma pesquisa sobre a condição da mulher no mercado de trabalho”. 

Juvandia Moreira
Primeira mulher a assumir a presidência do Sindicato dos Bancários de São Paulo, em 2010, Juvandia Pereira hoje é presidente da Contraf. Além da luta corporativa, também está na linha de frente por um país melhor.  

“Eu acho que a política faz parte da nossa vida. É aquilo que exercemos no dia a dia para transformar o mundo em um lugar igualitário e justo, sem preconceito". 

Ana Georgina Dias
Supervisora técnica do Dieese, Ana Georgina Dias tem propriedade para falar sobre a conjuntura e a realidade dos trabalhadores. 

“Algumas coisas valem muito mais do que dinheiro. Reconhecimento é uma delas. Entendo esse prêmio como um reconhecimento do trabalho de todas as mulheres do Dieese. Passamos por um momento difícil no país, mas resistiremos e continuaremos a existir".

Patrícia Teodolina
Responsável pelo projeto FAMA, que visa a inclusão de pessoas com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista no mercado de trabalho, Patrícia Teodolina é a prova que o bem transforma. 

“Fiquei honrada em receber o prêmio. Eu não poderia estar aqui sem lembrar das minhas mães, 90% delas são sozinhas. Sentir uma dor é muito ruim, mas a dor de um filho é muito maior. E infelizmente a sociedade ainda é excludente e preconceituosa”.

Pâmela Lucciola
Jornalista de mão cheia, Pâmela Lucciola dá voz à luta feminina nas telas na TV. O objetivo é mudar o cenário de preconceito e violência que assola o país. 

“Um mulher é violentada a cada 45 minutos em Salvador. A gente precisa mudar essa realidade. E eu utilizo a comunicação para dar voz a essas causas”.

Stefani Coutinho
Representante da torcida Tricoloucas, Stefani Coutinho mostra que mulher também é o futebol, nas arquibancadas.

"Representamos as mulheres em um ambiente machista. Mas, levantamos a bandeira do empoderamento feminino. Todo mundo tem direito de dar o seu grito”.

Fabrícia Alves
Representado atorcida Loucas Pelo Vitória, Fabrícia Alves preza pelo respeito entre as mulheres, independente das escolhas.
“A palavra de ordem é resistência. Não importa a cor que a mulher carregue. As mulheres devem se unir, independentemente das diferenças”. 

Homenagem à Makota Valdina
O Sindicato e os presentes fizeram um minuto de silêncio, além de um vídeo exibido para homenagear Makota Valdina, que faleceu nesta terça-feira (19/03). A educadora e líder religiosa foi uma das homenageadas pelo Prêmio Alice Bottas na primeira edição, em 2015.
Makota Valdina deixa um valioso legado em defesa dos direitos da mulher, dos negros e contra a intolerância, sobretudo, religiosa.