Governo usa verba publicitária para censurar mídia

Na ditadura civil militar (1964-1985) era censura direta, inclusive com censor nas redações para medir as palavras. Naquela época, o setor público não investia praticamente nada em propaganda. Agora, como mais de 70% do faturamento dos meios de comunicação vêm da publicidade institucional, o governo Bolsonaro usa a verba publicitária para chantagear a mídia.

O veículo que ousar fazer críticas ao governo, ao presidente e às vezes até mesmo a figurões influentes do regime, é sumariamente excluído do plano de mídia, quer dizer, fica fora da verba oficial para a propaganda. Uma arma poderosíssima.

A mais nova vítima da censura bolsonarista é Paulo Henrique Amorim, afastado do Domingo Espetacular. A Record, principal rede nacional de TV apoiadora de Bolsonaro, foi forçada a tirá-lo do programa. Uma retaliação do governo à postura crítica do jornalista, parceiro do Sindicato dos Bancários da Bahia em iniciativas diversificadas, no site TV Afiada, que ele mantém na internet.

A ofensiva governista para calar a imprensa provocou a demissão de Marco Antônio Villa da Jovem Pan. E agora pressiona o SBT para demitir ou domesticar Rachel Sherazade. Isso apesar de os dois terem apoiado o impeachment, ajudado a demonizar o PT e as esquerdas, além de contribuírem para a eleição de Bolsonaro. Outro na mira é Reinaldo Azevedo, da BandNews, que tem sofrido seguidas ameaças de morte. O neofascismo não admite crítica alguma. É como diz o ditado popular: “Escreveu não leu, o pau comeu”.