Comando Nacional cobra ações efetivas da Fenaban

Em negociação realizada nesta segunda-feira (30/03), por meio de videoconferência, o Comando Nacional dos Bancários voltou a cobrar da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) responsabilidade no enfrentamento ao coronavírus. A vida humana tem de estar acima dos lucros e é preciso que as empresas assumam um papel mais efetivo no combate ao avanço da COVID-19 no Brasil.   


A categoria é a única que atua em três frentes na tentativa de evitar que o país viva o mesmo cenário da Europa. Para isso, cobra do poder público e das organizações financeiras, medidas de proteção aos bancários, clientes e também apresentando propostas para o Brasil superar a crise em decorrência da pandemia causada pelo corocnavírus. Os três assuntos foram debatidos nesta segunda-feira (30/03).


A Fenaban apresentou uma estimativa do número de funcionários que hoje estão em home office. Segundo a Federação, cerca de 250 mil bancários estão em trabalho remoto e que nenhum outro setor foi tão rápido no afastamento dos trabalhadores do grupo de risco. Vale destacar que graças à atuação do Comando Nacional que solicitou uma reunião com os bancos assim que a OMS declarou a pandemia. 


Os representantes dos bancos disseram, contudo, que estão sofrendo forte pressão para que o atendimento ao público volte ao normal. Um argumento bem característico do sistema financeiro. Segundo eles, a pressão vem dos Procons, do Ministério Público, prefeituras, governo e associações comerciais de alguns estados. 


Sobre a ampliação do contingenciamento no atendimento, disse não ser possível, pois 35 milhões de pessoas receberão aposentadoria nos próximos dias e metade costuma se dirigir às unidades para sacar os benefícios. Somado a isso, tem os 13 milhões de beneficiários do Bolsa Família e as pessoas que vão receber a renda emergencial. Segundo a Fenaban, o número de funcionários hoje é insuficiente para atender a demanda. 


Alegou ainda que hoje 2.100 unidades estão sem funcionamento e estuda a possibilidade de deslocar bancários desses locais para ajudar no trabalho. A Federação afirmou que os call centers dos principais bancos entraram em congestionamento em razão da alta demanda e porque o quadro de funcionários foi reduzido pela metade, já que os demais estão em home office.


O Comando Nacional alertou para os riscos de contaminação da população, fez uma proposta para que a atendimento seja feito mediante agendamento, para diminuir o fluxo das filas enormes que se formam na frente das unidades e que os bancos pensassem em instrumentos para reduzir os riscos de contaminação para os bancários, vigilantes e para a sociedade em geral. Os bancos alegam a dificuldade em fazer a fila virtual, mas se comprometeram em estudar e dar a resposta para o Comando Nacional em breve.


O Sindicato dos Bancários da Bahia denunciou que várias agências não disponibilizam álcool gel, máscaras e luvas. Destacou que a distância nas filas não são respeitadas, que não dá para os bancários fazerem o controle, sendo necessários aos bancos a solicitação do apoio do poder público para ajudar na ordenação. Denunciou também a postura de alguns dirigentes que têm tratado a situação da pandemia como algo menor e tentado colocar a economia acima da vida, como se houvesse uma contraposição entre uma coisa e outra. 


O Comando Nacional dos Bancários pediu novamente o fechamento das agências em hospitais e aeroportos em razão do alto risco de contaminação. Os bancos ficaram de analisar a reivindicação. Cobrou a suspensão das metas, mas o argumento é de que não podem se comprometer com isso, pois não há consenso entre eles. Disseram apenas que as metas serão avaliadas de maneira equilibrada, dentro de uma lógica de razoabilidade. O Sindicato reiterou a reivindicação e reafirmou que não vai aceitar a chantagem e pressão no local de trabalho nem em home office, em razão do momento delicado que vive o Brasil e que o foco agora é a preservação das vidas. 


Sobre a redução da jornada, a Fenaban informou que que se houver a diminuição, terá de ampliar o número de pessoas nas agências para dar conta da demanda crescente. O Comando denunciou as demissões que ocorreram no Bradesco e a Fenaban minimizou. Disse que é o setor que tem menos desligado e que não há um compromisso dos bancos em suspender as demissões. Mas, é bom frisar que o Itaú e o Santander se comprometeram em suspender. O Comando vai continuar pressionando o Bradesco e os demais bancos.


Ultratividade 
Novamente, o Comando Nacional dos Bancários reivindicou a ultratividade da Convenção Coletiva de Trabalho. A sugestão é para prorrogar a validade do acordo até janeiro de 2021. Os bancos consideram que ainda está cedo para definir. 


Sobre a MP 927, o Comando citou a nota técnica do MPT, falou que não aceitará que os bancos adotem a medida sem a negociação com os sindicatos e denunciou que algumas empresas têm pressionado os funcionários para cumprirem a MP, pedindo que assinem termos de concordância com as alterações. O Comando disse que vai reagir a altura. 


A Fenaban alega que ainda não tem consenso entre os bancos sobre o tema, que haverá uma reunião com todo o sistema financeiro ainda nesta semana, para tratar do assunto, mas que a orientação é evitar negociações individuais. 


Comando pediu a suspensão dos descomissionamentos, principalmente nos bancos públicos, que continuam pressionando por metas e os funcionários estão apreensivos com a possibilidade de perderem as comissões. Reiterou o pedido para antecipar o VR e o VA. 


Os bancários também fizeram uma avaliação sobre as medidas apresentadas pelo governo em relação ao pagamento da folha salarial e destacou a necessidade da aprovação da renda emergencial no valor de R$ 600,00 aos trabalhadores informais, autônomos, desempregados e microempreendedores. 

Pela Bahia, participaram da videoconferência, o presidente do Sindicato, Augusto Vasconcelos, e o presidente da Federação, Hermelino Neto.