Negros podem ser as principais vítimas do COVID

Os casos de coronavírus no Brasil crescem rapidamente. O ritmo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) se assemelha ao de países como a Espanha. Os números deveriam ser suficientes para o governo federal agir rapidamente e ampliar as ações capazes de conter o avanço do COVID-19 no país. Mas, na prática, o que se observa é justamente o contrário. A omissão e a irresponsabilidade de alguns agentes públicos podem atingir em cheio a população mais vulnerável do Brasil, que tem raça bem definida. Os negros são a maioria das famílias carentes e podem ser as principais vítimas do coronavírus.   


A alta desigualdade social do país eleva a possibilidade de crescimento do número de infectados. Milhões de pessoas vivem em palafitas e favelas, muitas vezes são famílias grandes em pequenos cômodos, vivendo sem tratamento de esgoto, água potável. Se o COVID-19 chegar nesses locais, o número de infectados pode disparar, sobrecarregando o SUS (Sistema Único de Saúde). 


Mas, ao contrário dos países mais desenvolvidos, que estão bancando para que o trabalhador fique em casa, Bolsonaro e Guedes liberam as empresas para suspenderem contratos de trabalho retirando, ou reduzindo os salários, dos empregados. Há denúncias de que o governo transfere muito mais dinheiro para socorrer as empresas aéreas e bancos do que para a população mais pobre. 


O Banco Central está comprando títulos soberanos do Brasil denominados em dólar (global bonds) das instituições financeiras nacionais, um total de US$ 31 bilhões (R$ 161 bilhões). O valor é 11 vezes maior do que as medidas do governo para socorrer os mais pobres em plena calamidade do novo coronavírus (R$ 15 bilhões).