CNBB condena TVs católicas por venda de apoio a Bolsonaro

Embora tenha tido pouco espaço na mídia corporativa, continua a repercutir muito mal, acima de tudo no mundo católico, a atitude de figurões, inclusive padres, da religião, proprietários de verdadeiros grupos de comunicação, que se reuniram com o presidente Jair Bolsonaro para “vender” apoio ao governo em troca de verbas publicitárias.


A dureza da nota de repúdio da CNBB dimensiona a revolta causada pelo toma lá dá cá entre o governo e segmentos católicos. A negociata foi armada por parlamentares da base governista. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil afirma que a Igreja Católica “não faz barganha”, mas sim estabelece “relações institucionais com agentes públicos e os poderes constituídos”.


A reunião com Bolsonaro, por videoconferência, aconteceu no dia 21 de maio, mas o escândalo só estourou agora. A nota de repúdio da CNBB saiu na noite de sábado passado. Das nove TVs de orientação católica, cinco - Evangelizar, do padre e cantor Reginaldo Manzotti, Pai Eterno, Rede Vida, Canção Nova e Século 21 - participaram da negociação. Quatro -Aparecida, Nazaré, Imaculada e Horizonte - se recusaram a vender apoio ao governo.


A “barganha”, como chamou a CNBB, bate de frente com a posição assumida pelo Papa Francisco e a Igreja Católica no Brasil, de adotar uma posição crítica ao governo Bolsonaro pela irresponsabilidade criminosa diante da pandemia do coronavírus, pelas posições nazifascistas, ataques à democracia e desprezo pelo povo. Na contramão do cristianismo. É como se as TVs estivessem comercializando passaporte para o céu. Sacrilégio.