CTB defende formação de frente ampla em Marcha Virtual

A Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) realizou na manhã desta terca-feira (9/6) a live “A CTB na Marcha Virtual pela Vida”. A iniciativa da CTB está inserida neste dia na programação da Marcha Virtual pela Vida, que acontece das 10h às 19h. O fortalecimento do SUS e a defesa da democracia são alguns dos eixos defendidos pela Marcha. A CTB convocou os trabalhadores e as trabalhadoras para se incorporarem às atividades que acontecerão neste dia.

 

O direito à vida está no centro do debate no país. A crise sanitária brasileira resultou até o momento em 37 mil mortes e 707 mil casos confirmados do novo coronavírus. O Brasil é o epicentro da pandemia na América Latina. Em numero de casos é ultrapassado apenas pelos Estados Unidos e em numero de mortes segue em terceiro lugar atrás do Reino Unido (2º) e EUA (1º). Os números reais podem, no entanto, ser muito maiores do que mostram as estatísticas oficiais.

 

“Mas o presidente Jair Bolsonaro, insensível com as mortes, busca agora confundir a opinião pública, sonegando e manipulando informações sobre o avanço da doença”, lembrou Adilson Araújo, presidente da CTB, em artigo publicado nesta terça-feira no portal CTB. Desde a semana passada, o Ministério da Saúde atrasou a divulgação de dados sobre a pandemia e excluiu os casos acumulados. Nesta terça, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, acatou pedido do PCdoB, PSol e Rede e mandou que o governo retome a publicação dos dados acumulados.

 

Frente Ampla

Neste cenário, Ronald dos Santos, presidente da Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar) e ex-presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), vê na plataforma estruturada pela Marcha Virtual pela Vida um instrumento que vai ao encontro e traz novidades dentro do campo das diversas iniciativas que crescem no país contra as ações do governo Bolsonaro. O dirigente mediou a Sala Virtual juntamente com Ronaldo Leite, secretário de Formação da CTB.

 

Os participantes da Sala Virtual comentaram as crises vividas pelo Brasil à luz dos eixos apontados pela Marcha Virtual pela Vida que são: o direito à Vida, SUS, Ciência, Meio Ambiente, Democracia e Solidariedade, exatamente valores negados pelo atual governo de Jair Bolsonaro e também pela condução econômica praticada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

 

Adilson Araújo reiterou que a política construída nos últimos anos e iniciativas como a Emenda 95 e a reforma trabalhista contribuíram para o drama atual vivido pelo povo brasileiro e pelos trabalhadores e trabalhadoras. “Antes do coronavírus a situação já era de crise e hoje você tem 90% dos trabalhadores que atuavam na informalidade sem poder conseguir o seu sustento”, informou Adilson. Segundo ele, o país precisa de novos olhares para sair da crise e esse tratamento não virá do governo Bolsonaro. “Esse olhar de um novo Brasil em que o direito à vida, ao emprego, aos direitos prevaleça precisa passar por uma frente ampla”.

 

De acordo com o presidente da CTB, o movimento sindical tem feito um esforço em ampliar o diálogo com a sociedade civil organizada: “Diria que a nossa atuação tem sido interessante à medida que leva a nossa opinião ao conjunto de frentes que se constituíram nesse processo e reclamam a defesa da democracia frente à investida do governo Bolsonaro, que ultrapassa todos os limites do estado democrático de direito”.

 

Projeto de desenvolvimento nacional

Nésio Fernandes, secretário estadual de saúde do Espírito Santo, também abordou a necessidade de se estabelecer o diálogo com diversos campos políticos em defesa da vida, da democracia e de um novo projeto de desenvolvimento para o Brasil. “O SUS é um dos pontos mais avançados do projeto civilizatório de Brasil e atualmente é um ponto de consenso entre diversas forças políticas. Onde estão os planos privados de saúde para resgatar o povo na crise do coronavírus?”, questionou.

 

Para ele, uma unidade ampla cria condições que podem resultar na formação nos meses seguintes de uma frente ampla nacional para “vencer a pandemia e o atraso”. O secretário reafirmou que não conseguiremos desenvolvimento sem um projeto e sem soberania nacional. “Não vale uma economia baseada no rentismo em que você não tem como comprar um ventilador mecânico no Brasil, tem que comprar do exterior. Não tem como desenvolver uma vacina no país. O projeto de nação atual é entreguista e quer transformar direitos em serviços”.

 

Bolsonaro: contramão da proteção social

Débora Melecchi, diretora da Fenafar, citou Nelson Mandela na intervenção durante a live: “a democracia com fome, sem educação e saúde para a maioria é uma concha vazia”. Ela denunciou a omissão do governo federal que não repassa os recursos em sua totalidade para que os estados e municípios possam combater a covid-19. Segundo a dirigente da Fenafar, o Ministério da Saúde tem cerca de 24 bilhões para transferir aos Estados para o combate à pandemia. “Até o momento o ministério da saúde só desembolsou 10% do total para o enfrentamento da Covid-19”.

 

O governo brasileiro vai na contramão da proteção social para os trabalhadores que deveria estar pautada na defesa da saúde e na defesa da vida, afirmou Debora. “Em plena pandemia os trabalhadores do campo e da cidade deveriam estar imunizados contra gripe, receber dentro dos padroes e quantidades necessárias os EPIS, testagem ampla, atividades sobre práticas de saúde seguras e meios de subsistência. Precisamos nos manter firmes na exigência de programas nacional de proteção e saúde”.

 

Débora ressaltou que “a estrutura sindical é essencial para os direitos dos trabalhadores” e fez uma convocação. “Eu faço aqui um chamamento especial para que os trabalhadores e trabalhadoras procurem o seu sindicato, participem, respondam as pesquisas e contribuam financeiramente. Fortalecer o sindicato é fortalecer a proteção de cada trabalhador. As soluções precisam ser coletivas se forem individuais fragmentam a luta”.

 

Fonte: Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil