Com luta no Santander, campanha salarial vitoriosa 

Toda virtual, a campanha nacional dos bancários deste ano foi vitoriosa. Com muita luta e negociações cansativas com os bancos, inclusive o Santander, a categoria não fraquejou e conquistou um acordo com manutenção de todos os direitos da CCT (Convenção Coletiva de Trabalho). Mesmo com a ajuda de mais de R$ 1 bilhão do governo, as empresas tentaram resistir à mobilização.

O documento assinado pelo Comando Nacional e Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) estabeleceu reajuste de 1,5% para salários mais abono de R$ 2 mil para todos os empregados, reposição da inflação para demais verbas, como VA e VR. Além de manter a regra da PLR (Participação nos Lucros e Resultados), com reposição da inflação nos valores fixos e tetos. Para 2021, aumento real será de 0,5% para salários e demais verbas. 

Programas de remuneração do Santander
Como a maioria dos bancos tem esquema próprio de remuneração variável, com o Santander não é diferente. O Sindicato dos Bancários da Bahia esclarece o significado de cada um dos programas.

A PLR (Participação nos Lucros e Resultados), que corresponde à lei 10.101, determina aos bancos a distribuição de lucros visando integração entre capital e trabalho, bem como um estímulo à produtividade. 

Segundo a lei, o pagamento não pode ser em mais de duas vezes ao ano e o período não pode ser inferior a um trimestre, para que não se torne habitual, pois na PLR não incidem encargos trabalhistas. 

Em seguida vem o PPRS (Programa Próprio de Resultados do Santander), que é negociado com os sindicatos. As regras são descritas no Acordo Aditivo do Santander. Neste programa, todos os trabalhadores são beneficiados com o mesmo valor norteado pela taxa que seria o retorno sobre patrimônio médio.

Ainda tem o PPE (Programa Próprio Específico) é apenas para algumas áreas elegíveis, e o PPG (Programa Próprio para Cargos de Gestão), também denominado como bônus. Os sindicatos não participam da determinação das regras destes programas, sendo definido pelo gestor os critérios para elegibilidade. 

Ampliação da licença paternidade
A partir de janeiro de 2021, os funcionários do Santander terão direito a 28 dias de licença paternidade. A ampliação é uma conquista que abre caminho para outros bancos, mas o movimento sindical luta para que os pais tenham o mesmo tempo de licença concedido às mulheres. Ou seja, seis meses.

Para ter direito ao benefício de 28 dias, o bancário precisa concluir curso de paternidade responsável. A conquista da ampliação da licença maternidade de 5 pra 20 dias para os bancários aconteceu na campanha salarial de 2016, nos termos da Lei 13.257, promulgada pela ex-presidenta Dilma Rousseff. 

Lucro não impede demissões 
Nos primeiros seis meses deste ano, a lucratividade do Santander foi R$ 5,989 bilhões. O resultado poderia ter sido ainda maior se não fosse a reserva de R$ 10,4 bilhões para cobrir possíveis calotes. Sem a PDD, a empresa espanhola lucraria R$ 7,749 bilhões. 

Mas, nem o Brasil representando 32% de todo lucro mundial do banco impediu que o Santander demitisse, sozinho, mais de 1.200 bancários depois de se comprometer com os sindicatos em não colocar nenhum empregado para fora durante a pandemia de Covid-19. Aliás, foi a primeira empresa do setor a quebrar o compromisso.

Foram caixas, gerentes gerais e trabalhadoras grávidas com estabilidade. O Sindicato dos Bancários da Bahia realiza manifestações e diversas atividades, inclusive nas redes sociais contra as demissões no Santander e outros privados. 

Após cobrança, Santander paga abono para demitidos
Além de descumprir o compromisso de não demitir durante a pandemia de Covid-19, o Santander passou por cima da CCT (Convenção Coletiva de Trabalho) dos bancários e não estava pagando o abono único de R$ 2 mil aos demitidos em setembro.

Após cobrança do movimento sindical e da COE (Comissão de Organização dos Empregados) cobraram e o banco informou que vai pagar o abono. Os bancários que foram demitidos entre 4 e 30 de setembro deste ano receberão os valores.