Refinaria privatizada manipula anúncio e aumenta gasolina na Bahia

Não foi por falta de aviso. O movimento sindical alertou por diversas vezes que privatização da RLAM (Refinaria Landulpho Alves) seria prejudicial para o Brasil, mas principalmente para a Bahia, que ficaria refém de um monopólio internacional privado de petróleo. A confirmação dos alertas veio no 1º dia de janeiro, quando entrou em vigor o aumento nos preços da gasolina e diesel, anunciado pela Acelen, empresa constituída pelo fundo árabe Mubadala para administrar a RLAM.


Ao contrário da Petrobrás, que anuncia o reajuste dos combustíveis em porcentagem, a Acelen usou uma fórmula diferente, mudando a métrica e a forma de divulgação, apresentando o reajuste em centavos por metro cúbico para evitar a comparação com o modelo da estatal. A mudança na apresentação do reajuste é proposital, pois confunde o consumidor, que fica sem ter noção do aumento real.


Pensando nisto, foi encomendado uma análise ao DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) para descobrir qual foi a porcentagem do aumento. De acordo com o instituto, o reajuste da gasolina efetuado pela Acelen foi de 6,98% e o do diesel foi de 4,14%, em São Francisco do Conde, município onde está localizada a RLAM.


Em comparação com as 12 refinarias da Petrobrás, a Landulpho Alves privatizada é a que oferece ao mercado a gasolina e o diesel mais caros, deixando os baianos sem alternativa. Antes da Acelen, a gasolina na Bahia estava um pouco abaixo dos R$7,00, agora, com este reajuste, em praticamente todos os postos da capital e do interior da Bahia, a gasolina já ultrapassa os R$ 7,00, chegando a R$ 7,49 em alguns postos da cidade de Vitória da Conquista.


Não há nada que justifique o aumento dos combustíveis, imposto pela Acelen no primeiro dia do ano de 2022. Ainda se for usada a lógica do PPI (Preço de Paridade de Importação) -  adotado pela atual gestão da Petrobrás – não é encontrada explicação para o aumento, pois não houve variação do dólar e nem do barril do petróleo neste período. 


Fica claro que objetivo do reajuste é começar a recuperar dinheiro do investimento feito para garantir a lucratividade prometida aos investidores internacionais, e a forma mais fácil de obter esta lucratividade – de dar este retorno – é através do preço dos derivados, ou seja, às custas do povo baiano.