Clientela aumenta. Rede física encolhe

No Brasil, o sistema financeiro se aproveita do processo de digitalização para radicalizar.

Por Ana Beatriz Leal

Uma contradição comprovada. No momento em que o número de adultos com contas em instituições financeiras, em países de baixa e média renda, bate recorde, os bancos encolhem a rede de atendimento física. Engordam os cofres com base na exploração, mas fecham agências e demitem trabalhadores.

 


De acordo com relatório do Banco Mundial, 40% da população maior de 15 anos em países em desenvolvimento depositaram valores em uma conta em 2024. O percentual sobe para 80% quando se observa o mundo todo. Demanda tem, faltam local e mão de obra para atender.

 


No Brasil, o sistema financeiro se aproveita do processo de digitalização para radicalizar. Itaú, Bradesco e Santander foram responsáveis pelo fechamento de 856 agências no Brasil apenas no ano passado. Em 2023 foram 679. Desde 2014, mais de 5 mil endereços fecharam as portas.

 


Além do claro prejuízo à população local, que muitas vezes têm de se deslocar para cidades vizinhas para realizar uma simples transação, o fechamento de agências é terrível para os bancários. 

 


As unidades restantes ficam superlotadas. Os trabalhadores que não são demitidos têm de lidar com a sobrecarga, metas inalcançáveis e realocações forçadas. Não há saúde física e mental que aguente. Tanto é que o adoecimento relacionado ao trabalho afetou 80% dos bancários no último ano.