Sonegação pesa no "déficit" da Previdência

O governo Temer divulga um possível rombo para justificar a reforma da Previdência. O que não diz é que por conta da sonegação e da inadimplência, o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) deixou de arrecadar pelo menos R$ 30,4 bilhões em 2015. O valor representa pouco mais de um terço (35%) do “déficit” no mesmo ano (R$ 85 bilhões).

De acordo com o Sinat (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho), os valores se referem a contribuições previdenciárias do trabalhador retidas na hora do pagamento do salário, que variam de 8% a 11% da folha salarial. A arrecadação foi de R$ 60,2 bilhões, mas deveria ter sido de R$ 90,6 bilhões. Ou seja, 33% do dinheiro não foi para os cofres da Previdência.  

Segundo o Sinat, existem fraudes mais comuns entre os sonegadores. Em um dos casos, os empresários pagam contribuições mais baixas do que as devidas. Para tanto, os patrões desconsideram parte do salário do cálculo, a exemplo de auxílios e bonificações. 

As grandes corporações também transferem trabalhadores para subsidiárias optantes pelo Simples, onde as contribuições sobre a folha têm alíquotas menores. 

Ainda há situações em que as empresas descontam a contribuição previdenciária do salário do trabalhador e não a repassam ao INSS. Os dados deixam claro de quem o governo tem de cobrar a conta. Mas, faz justamente o contrário. Privilegia o grande capital e penaliza o lado mais fraco da corda, o trabalhador.