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Etarismo na contramão da longevidade

No artigo, a diretora do Sindicato dos Bancários da Bahia, Graça Gomes, fala sobre os preconceitos, em pleno século XXI.

Num mundo com tantos preconceitos, em pleno século XXI, é preciso estarmos atentos para identificar especialmente aqueles que, muitas vezes, passam despercebidos no cotidiano recheado de afazeres e muita pressa. Um deles é o etarismo.


A discriminação em função da idade pode ocorrer em qualquer fase da vida. Pode atingir as crianças quando elas não são percebidas na sua potencialidade; os jovens, em função da pouca experiência ou de uma visão generalizada e superficial de que são todos imaturos; mas notadamente têm atingido com preponderância as pessoas mais velhas.


A chegada à chamada melhor idade pode trazer dificuldades. Para uns tudo bem, porque a vida continua fluindo no âmbito da família, do trabalho e das relações sociais. Para outros, porém, é a fase em que muita coisa se complica, falta trabalho, falta respeito, falta inclusão social. A situação é ainda mais grave para os de menor poder aquisitivo, que enfrentam falta de assistência à saúde, instabilidade de moradia e emprego. Muitos têm que ajudar filhos e netos, com sua pequena aposentadoria, a se manterem.

 

Há muitos discursos no mundo empresarial sobre investimento em diversidade e inclusão, mas na prática não se vê ênfase no olhar para essa parcela da sociedade. Isso mina oportunidades para pessoas mais velhas e deixa fora do mercado um segmento que, segundo o IBGE, será maioria da população do país em 2060. 


Com o rápido envelhecimento populacional, especialmente acelerado no Brasil, a pirâmide etária do país está se invertendo. Vivendo mais e tendo menos filhos, estamos em plena revolução da longevidade.


Século XXI chegou, mas não trouxe com ele a valorização e o respeito à experiência. O etarismo surge como uma discriminação que pode ser velada, mas que, na maioria das vezes, é escancarada. Ele deve ser combatido, assim como combatemos todas as outras discriminações contra os seres humanos!


*Graça Gomes é diretora do Sindicato dos Bancários da Bahia