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Mais um massacre vingativo

No artigo, o diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e presidente do IAPAZ, Álvaro Gomes, fala sobre a operações policiais, que acabam em massacres.

Os massacres no Brasil têm sido prática cotidiana. O exemplo da operação Escudo, de São Paulo, que culminou em 28 mortes, entre os dias 29 de julho e 05 de setembro, é muito elucidativo. Denúncias de execuções e torturas durante intervenções policiais mostram a vingança das forças de segurança em função da morte de um policial da ROTA, Patrick Reis durante patrulha no município de Guarujá (SP).


A partir daquele momento foi deflagrada a operação Escudo. As ações deixaram clara a vingança que atingiu moradores que não tinham nada a ver com o assassinato do policial. Trabalhadores foram executados, mesmo a pena de morte sendo proibida pela legislação do país. O material apreendido dia 27 de julho no local do assassinato do policial não era droga ilegal conforme “Laudo Pericial Definitivo Número 270.868/2023, feito pelo Instituto de Criminalística da Polícia Civil de São Paulo”. (Fórum, 30/08/23)


É importante ressaltar também que a bala que atingiu o policial, era de uso exclusivo das forças de segurança pública. Segundo a versão dos moradores, a Policia Militar executou, torturou e forjou provas durante a intervenção no Guarujá. Entre os 28 mortos, pelo menos, 5 inocentes foram executados, Cleiton Barbosa Moura (29/07), Filipe do Nascimento (31/07), Willians dos Santos (18/08), Wellington Gomes (29/08) e Diogo Aparecido dos Passos (03/09). (UOL, 25/09/23)


Quando da execução de Filipe, segundo moradores, os policiais chegaram com 3 homens, identificados como pessoas em situação de rua, que foram mortos e Filipe teria vist. Por isso, ele foi arrastado para um barraco e executado, depois os policiais comemoraram se abraçando dizendo que um dos que atiraram tinha sido batizado por ser o primeiro assassinato que cometeu. (Uol, 25/09/23).


A segurança pública não pode naturalizar a pena de morte, independentemente se as pessoas cometeram delito ou se são inocentes. Essa guerra onde só morrem pobres, negros e jovens precisa terminar. Os massacres vingativos e as execuções cotidianas são crimes que não podem continuar, seja em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia ou em qualquer lugar. É preciso celebrar a vida e combater a política e a cultura da morte.


*Álvaro Gomes é diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e presidente do IAPAZ