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Médicos executados

No artigo, diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e presidente do IAPAZ, Álvaro Gomes, fala sobre o caso da execução bárbara de três médicos no Rio de Janeiro.

Em meio a cerca de 50 mil assassinatos, em média, por ano no País, alguns episódios ganham grande repercussão. A execução bárbara de 3 médicos na Barra da Tijuca, um bairro de classe média do Rio de Janeiro, chocou o Brasil.  O mais impressionante e ao mesmo tempo estranho é que, em menos de 24 horas, a polícia do estado já informava que o médico morreu por engano e logo depois os assassinos dos médicos foram mortos pelo crime organizado.


Foram 4 médicos atingidos pelos criminosos no dia 05/10/23: Diego Ralf Bomfim, irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (Psol-SP); Marcos de Andrade Corsato, 62 anos; Perseu Ribeiro Almeida, 33 anos e Daniel Sonnewend Proença, 32 anos, sendo que Daniel foi o único que conseguiu sobreviver. Diante deste bárbaro massacre cabe investigar o que de fato aconteceu. Trata-se de crime político? Guerra de facções onde um deles foi confundido com um miliciano e morto por engano? outro motivo?


A família da Deputada Federal Sâmia Bonfim, que é irmã de um dos assassinados, Diego, pede acesso ao inquérito sobre a execução dos médicos para conhecer a linha de investigação e as provas, afinal, ela própria relata que vem sofrendo ameaças juntamente com seus familiares. A Hipótese da polícia do Rio de Janeiro é de que um dos médicos foi confundido com um miliciano que estava marcado para morrer. (Brasil de Fato, 09/10/23) 


Causa estranheza que em apenas 24 horas a polícia tenha “identificado” os assassinos que na versão da polícia já foram julgados pelo tribunal do crime e também executados, porque assassinaram o médico ao confundir com um miliciano. Estranho também é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmar que o “Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de São Paulo vai participar das investigações sobre o assassinato dos três médicos no Rio de Janeiro”. (G1, 09/10/23)
A onda de violência protagonizada pelas milícias e as facções criminosas tem colocado em cheque as instituições que não conseguem fazer valer a constituição do Brasil que proíbe a pena de morte. Esta situação tem se agravado e atingido toda a população, principalmente os pobres, negros e jovens, mas as demais classes não estão ficando incólume, e se a raiz do problema não for atacada a tendência é piorar.


*Álvaro Gomes é diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e presidente do IAPAZ