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É preciso ter juízo

No artigo, o diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e presidente do IAPAZ, Álvaro Gomes, abordou dois episódios que retratam a existência de duas justiças, uma autoritária e prepotente, e outra simples, justa e coerente.

Repercutiu recentemente dois episódios que retratam a existência de duas justiças, uma autoritária e prepotente, e outra simples, justa e coerente. Me refiro a juíza Kismara Brustolin, do Tribunal Regional da 12ª Região (TRT-SC), que em audiência no dia 14 de novembro, queria obrigar a testemunha Leonardo a falar a frase “o que a senhora deseja excelência?”. Por outro lado, o juiz federal Kleiton Alves Ferreira, da 9ª Vara Federal de Sergipe, na audiência dia 18 de julho, foi chamado de rapaz e, de forma leve, conduziu a audiência com humor e rigor jurídico. 


A juíza de forma descontrolada gritava com a testemunha para que utilizasse o pronome de tratamento excelência, chegando ao ponto de desconsiderar o depoimento, chamou ele de “bocudo” e de que “faltou com a educação” e determinou a retirada da videoconferência. O comportamento autoritário resultou no afastamento pelo TRT-12. O tribunal informa ainda que a juíza teve uma série de afastamentos desde 2014 para tratamento de transtorno bipolar (Folha de São Paulo, 30/11/23).


No vídeo, ficou evidenciado que se tratava de uma pessoa desequilibrada. Isto não lhe isenta da responsabilidade de ato autoritário e inconsequente. A testemunha em nenhum momento desrespeitou a magistrada, se comportou de forma educada e ficou até confuso com os gritos. Isso mostra a prepotência de membros do Judiciário, seja no estado “normal” ou consequência de algum transtorno, afinado ao pensamento das elites que se sentem superiores.


Diferentemente do autoritarismo da juíza, o juiz federal Kleiton Alves Ferreira, num diálogo profundo e leve, proferiu a sentença na própria audiência reconhecendo a aposentadoria de dona Edna (Portal A8SE 07/08/2023. O Juiz de forma humorada fala para ela, que é analfabeta, “...eu vi aqui uma assinatura que a senhora fez tão bonitinha a letra”. A mulher responde “rapaz, ali foi o advogado que pegou na minha mão”. Ele analisa o conteúdo, verifica a veracidade, decide de forma rápida, não se importa se é chamado de rapaz ao invés de excelência. No final os dois ficam alegres e emocionados.


No Judiciário estão presentes autoritários, prepotentes, incompetentes e desumanos, mas também humanistas, preparados e defensores da Justiça.  O juiz merece aplauso, a juíza precisa ter competência e juízo.


*Álvaro Gomes é diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e presidente do IAPAZ