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Evolução histórica

No artigo, o jornalista, responsável pelo jornal diário O Bancário, Rogaciano Medeiros, aborda o salto que o Brasil dará na afirmação e evolução do Estado democrático de direito, requisito indispensável à construção de um projeto de desenvolvimento sustentável.

Mantidas e ampliadas as condenações, com prisões, pois os crimes são gravíssimos, dos principais responsáveis pelas tentativas golpistas do fascinazismo bolsonarista, o Brasil dará um grande e qualificado salto na afirmação e evolução do Estado democrático de direito, requisito indispensável à construção de um projeto de desenvolvimento sustentável, capaz de assegurar bem-estar, soberania e autodeterminação.


Para a nação que teve de engolir a anistia de 1979, a qual perdoou os horrores da ditadura civil militar (1964-1985) e liberou de punição quem ordenou e praticou crimes hediondos para chegar e se manter no poder, tipo sequestros, tortura, assassinatos e ocultação de cadáveres, presenciar hoje figurões da extrema direita como Bolsonaro, militares graduados, parlamentares e empresários que se achavam intocáveis,  sendo alvo de buscas e apreensões e até prisões, autorizadas pelo STF, já é um enorme avanço na História do Brasil.


Há de se considerar ainda que os golpistas, e Bolsonaro não passa de um simples gerentão, eram e ainda são mantidos, política, ideológica e financeiramente, por frações poderosíssimas das elites como o sistema financeiro, o agronegócio, o fundamentalismo religioso, principalmente neopentecostal, e demais setores ultraconservadores, como grupos militares e policiais.


Portanto, é preciso salientar e estimular o bom andamento da via democrática sobre a barbárie fascinazista e ultraliberal, como vem ocorrendo, até mesmo para que continue a se consolidar, progredir e dar o bom exemplo de que o crime não compensa.


Tudo bem que, por um conjunto de fatores, o golpe fracassou e geralmente nestes casos torna-se uma intentona, fica teoricamente mais fácil punir os culpados. Porém, não há como negar que as investigações vêm alcançando um patamar elevado para os padrões brasileiros, de sempre os bacanas gozarem da impunidade e só os pés-rapados serem culpados e sentenciados.


Quem sabe o retrocesso político, econômico, institucional, cultural, enfim civilizatório, gerado pela tragédia bolsonarista, de concepção claramente fascinazista, não tenha funcionado como agente catalisador da consolidação de um consenso democrático na sociedade? Que expliquem melhor, academicamente, a Sociologia, a Ciência Política, a Antropologia e a História.


Neste momento, de concreto, dentro do senso comum e com base no desenrolar dos acontecimentos, é possível especular que pelo menos não há consenso entre as classes dirigentes para deixar os criminosos saírem impunes. Senão as investigações não estariam tão rápidas, indo tão longe. Isto é ótimo, a nação precisa aproveitar inédita oportunidade. Sinal de engrandecimento do Brasil na luta histórica por independência, liberdade, justiça, soberania e autodeterminação, requisitos indispensáveis a uma democracia que se respeita.


Agora, o desafio que se coloca é manter e ampliar a frente democrática, nos planos institucional e político, para fazer valer a Constituição, tarefa tão difícil ultimamente, garantir a prevalência da legalidade, da República, da civilidade. O Brasil avança, aos trancos e barrancos, sobre os vícios coloniais. Namastê, Oxalá, Axé, melhor dizendo, que os Deuses da Democracia digam Amém.


* Rogaciano Medeiros é jornalista, responsável pelo jornal diário O Bancário