A economia global e o peso do ultraliberalismo
No artigo, Graça Gomes fala sobre economia global
A economia mundial vive um turbilhão de mudanças: globalização, avanços tecnológicos e tensões políticas moldam um cenário de incertezas. Segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), o crescimento previsto para este ano é de 3,5%, ainda reflexo da lenta recuperação pós-pandemia de Covid-19. Enquanto isso, a inflação elevada em muitas nações força bancos centrais em todo o mundo a aumentarem os juros, sufocando investimentos, consumo e a população.
O comércio internacional enfrenta desafios cada vez maiores, das guerras comerciais à reorganização das cadeias de produção. A tecnologia, embora impulsione o crescimento em alguns países, aprofunda desigualdades em outros, substituindo empregos e concentrando lucros em poucas mãos.
É aqui que o ultraliberalismo mostra sua face mais cruel. A promessa de um mercado “livre” e eficiente se traduz, na prática, em concentração de riqueza, enfraquecimento dos direitos trabalhistas e desmonte de políticas públicas. A lógica de que o mercado resolve tudo ignora que o mercado não tem compaixão e quem paga a conta são os trabalhadores.
Os bancários, por exemplo, vivem na pele a contradição. O sistema financeiro lucra bilhões enquanto fecha agências, demite em massa e precariza o atendimento à população. Essa é a regra. O mesmo sistema que exalta a inovação tecnológica é o que descarta pessoas como peças de uma máquina global movida pelo lucro.
Tem ainda as mudanças climáticas e a necessidade de políticas efetivas para proteger as florestas, a biodiversidade e evitar desastres naturais que podem, inclusive, acabar com a vida na Tera. O desafio que se impõe, portanto, é político e ético. Unir forças por uma economia que sirva à humanidade e não o contrário. Enquanto o ultraliberalismo ditar as regras, a desigualdade seguirá sendo o preço cobrado pela chamada “eficiência do mercado”.
*Graça Gomes diretora do sindicato dos bancários, Iapaz , Cebrapaz.
