Pandora Papers: promiscuidade à brasileira

Enquanto milhões de pessoas recorrem à fila do osso para não morrer de fome no Brasil, o ministro da Economia, Paulo Guedes, enche o bolso com o dólar em alta e aposta todas as fichas contra a própria economia do país. Um retrato fiel do que é o ultraliberalismo. 


De forma imoral e ilegal, o topo da pirâmide social aumenta ainda mais a fortuna, enquanto milhões de pessoas são jogadas na miséria total. Sem absolutamente nada, inclusive comida. A grande mídia, à serviço do grande capital privado, condutor das políticas ultraliberais do governo Bolsonaro, fecha os olhos para o grave problema.


Mas, o resto do mundo, fica estarrecido com a promiscuidade à brasileira. A reportagem divulgada no início da semana pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos - chamada de Pandora Papers - faz grave denúncia contra políticos e grandes empresários que aplicam dinheiro em paraísos fiscais. Além de Guedes, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e outros empresários que sustentam o governo Bolsonaro têm o nome envolvido no escândalo. Esse grupo seleto com fortuna em paraísos fiscais deve R$ 16 bilhões em impostos à União. 


No Ministério da Economia desde janeiro de 2019, Paulo Guedes tem uma série de responsabilidades e tem de tomar decisões capazes de afetar a sua offshore, que na época tinha nada menos do que US$ 9,55 milhões, hoje com US$ 51 milhões. Se não há crime nisso, há, no mínimo, conflito de interesses, pois ninguém em sã consciência vai tomar decisões que prejudiquem o próprio negócio. 


Realmente é de causar revolta ao cidadão que levanta todos os dias ainda de madrugada, se expõe ao coronavírus, para, no fim do mês, receber um salário mínimo de R$ 1.100,00, que não dá para quase nada. Isso quando tem trabalho, coisa difícil no Brasil atual. Enquanto isso, o ministro ganhou R$ 1 milhão em um único dia.