Adoecimento que gera lucro
O Brasil não enfrenta um colapso silencioso de adoecimento mental, mas a brutalidade cotidiana de um sistema que lucra com a exaustão. Adoecer virou parte do expediente. O corpo pede arrego, a mente grita, e a engrenagem capitalista segue impiedosa, exigindo mais, pagando menos, sugando tudo. Não se trata de falta de preparo individual, mas de um projeto político que transformou a saúde do trabalhador em dano colateral do lucro.
Por Camilly Oliveira
O Brasil não enfrenta um colapso silencioso de adoecimento mental, mas a brutalidade cotidiana de um sistema que lucra com a exaustão. Adoecer virou parte do expediente. O corpo pede arrego, a mente grita, e a engrenagem capitalista segue impiedosa, exigindo mais, pagando menos, sugando tudo. Não se trata de falta de preparo individual, mas de um projeto político que transformou a saúde do trabalhador em dano colateral do lucro.
De janeiro a abril de 2024, mais de 470 mil brasileiros foram afastados por depressão e ansiedade, segundo a Fundacentro. No mesmo período, o país registrou 740 mil acidentes de trabalho e 2.400 mortes. Isto é o que aparece nos dados oficiais, mas o que a informalidade esconde é impossível de medir.
A epidemia não é acidente, é herança de um desmonte planejado. Temer e Bolsonaro desmontaram normas de proteção, cortaram políticas públicas e favoreceram relações de trabalho pautadas pela exploração. O assédio virou método de gestão. A meta inalcançável, regra. O silêncio virou política de RH. Tudo isso em nome da dita eficiência.
Com o planeta em ebulição, o colapso só se intensifica. O trabalhador rural, o operário da construção civil, quem lida com o sol na cabeça, agora encara muito mais que jornadas exaustivas, encara a ameaça de morte por calor. O anúncio recente do governo Lula de novos concursos para a Fundacentro é avanço crucial. Mas reconstruir o ambiente de trabalho exigirá a ruptura com a lógica que normalizou o sofrimento.