Queda na violência. Aumento na repressão

E há um alvo claro: os corpos que tombam são, majoritariamente, negros, periféricos e pobres. Jovens que vivem nas franjas da cidade, sem acesso pleno à educação, saúde, moradia ou emprego digno.

Por Julia Portela

O Brasil registrou 44.127 mortes violentas intencionais em 2024, o menor número desde o início da série histórica, iniciada em 2011. A queda de 5% em relação a 2023, primeiro ano do governo Lula e 8% em comparação com 2022.

 

 

O índice inclui homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte e mortes decorrentes de intervenção policial. Enquanto os óbitos violentos em geral caíram 31% de 2017 a 2024, os assassinatos cometidos por policiais aumentaram 21%: de 5.179 para 6.243. Ou seja, a letalidade policial segue avançando, em contraste com o restante dos indicadores de violência.

 

 

E há um alvo claro: os corpos que tombam são, majoritariamente, negros, periféricos e pobres. Jovens que vivem nas franjas da cidade, sem acesso pleno à educação, saúde, moradia ou emprego digno. O racismo estrutural, somado à lógica perversa do capital, segue naturalizando o extermínio da população mais vulnerável.

 

 

Por isso, a segurança pública segue entre as três maiores preocupações da população brasileira, segundo pesquisas recentes. O governo Lula, diante disso, propõe uma nova postura para o tema com a PEC da Segurança, que tramita no Congresso Nacional. A queda recorde nos assassinatos é um primeiro reflexo dessa mudança, mas o desafio é profundo: é preciso romper com a lógica genocida que trata a juventude negra como inimiga interna.