Clima em colapso, sistema em negação
A verdade é que, mesmo diante de alertas científicos sucessivos, as grandes potências econômicas e empresas multinacionais seguem se reunindo em conferências como a COP30 sem mudar o essencial: o modelo de desenvolvimento destrutivo, baseado no lucro a qualquer custo.
Por Julia Portela
Um novo estudo científico internacional confirma o que há muito tempo os movimentos sociais, ambientais e sindicais vêm denunciando: o mundo está ficando sem tempo para conter os piores efeitos da mudança climática. O relatório Indicators of Global Climate Change, produzido por uma equipe global de cientistas, traça um panorama alarmante do colapso climático em curso.
O documento revela que as temperaturas extremas e as chuvas intensas estão se tornando cada vez mais frequentes, o nível do mar segue em alta e a humanidade já utilizou quase todo o orçamento de carbono que resta antes de ultrapassar o limite de 1,5°C de aquecimento em relação à era pré-industrial. Cruzar essa linha significa enfrentar eventos climáticos ainda mais violentos, fome, migrações forçadas e desigualdade extrema, cujas consequências, como sempre, recaem mais duramente sobre os pobres e trabalhadores.
A verdade é que, mesmo diante de alertas científicos sucessivos, as grandes potências econômicas e empresas multinacionais seguem se reunindo em conferências como a COP30 sem mudar o essencial: o modelo de desenvolvimento destrutivo, baseado no lucro a qualquer custo.
O ecossistema que sustenta a vida é tratado como um obstáculo ao crescimento econômico, enquanto o capital é tratado como se fosse o próprio oxigênio. Uma inversão perversa que envenena o presente e compromete o futuro.
Resistir a essa lógica não é apenas uma pauta ambiental, é uma luta de classe. É entender que defender o meio ambiente é proteger o direito à vida digna, à saúde, à terra, à água e ao trabalho.
A crise climática não é um acidente: é o resultado direto de um sistema que trata o planeta e os corpos como descartáveis. É por isto que o enfrentamento precisa ser coletivo, popular e anticapitalista.