Agosto Lilás: não é fatalidade. É feminicídio
O Agosto Lilás não é só um mês no calendário, mas o lembrete de um país que fecha os olhos para a violência contra a mulher. Enquanto prédios se iluminam de roxo e campanhas ocupam as redes sociais, a realidade insiste em contrariar qualquer gesto simbólico. Ano passado, 1.492 mulheres foram assassinadas e mais de 21 milhões sofreram agressões físicas, verbais, psicológicas ou sexuais. A cada número, uma vida quebrada.
Por Camilly Oliveira
O Agosto Lilás não é só um mês no calendário, mas o lembrete de um país que fecha os olhos para a violência contra a mulher. Enquanto prédios se iluminam de roxo e campanhas ocupam as redes sociais, a realidade insiste em contrariar qualquer gesto simbólico. Ano passado, 1.492 mulheres foram assassinadas e mais de 21 milhões sofreram agressões físicas, verbais, psicológicas ou sexuais. A cada número, uma vida quebrada.
A violência geralmente tem endereço certo. É dentro de casa, entre quatro paredes, diante dos filhos e na intimidade de cada mulher. Os agressores? Maridos, ex-namorados, pais, filhos. A maior parte das vítimas apanha calada. Não por escolha, mas por medo, vergonha, falta de alternativa ou descrença no sistema.
Quase metade não denuncia. A maioria que tenta se proteger recorre a amigos ou parentes. O Estado, que deveria estar na linha de frente, aparece como última opção. Falta prioridade. O pacto nacional de combate ao feminicídio ainda não foi assumido por todos os estados.
A rede de proteção segue frágil, descontínua, burocrática. A violência age com pressa e mata rápido. Por isso, o Agosto Lilás precisa ir além da estética, é hora de transformar o discurso em prática com debate sobre machismo, poder e impunidade.