Congresso contra o fim da escala 6x1

O projeto escancara uma divisão de classe dentro do Legislativo: quem deveria representar o povo opta por proteger os interesses de quem lucra com a exploração da mão de obra barata, a pequena elite brasileira, branca, aristocrata que nunca rompeu com a escravidão.

Por Julia Portela

A maior rejeição ao fim da exaustiva escala 6×1 parte justamente daqueles que deveriam proteger o povo: os parlamentares. Segundo pesquisa da Quaest, 70% dos deputados federais são contra a proposta que acaba com a jornada de 6 dias de trabalho e apenas um de folga.

 

 

O projeto de lei pretende reduzir a jornada máxima para 36 horas semanais, em 4 dias por semana. O objetivo é combater o esgotamento físico e mental causado pelo atual modelo, que submete milhões de trabalhadores a uma rotina massacrante. No entanto, os números revelam o distanciamento do Congresso em relação à realidade da imensa maioria do povo brasileiro.

 

 

A bancada bolsonarista - do boi, bala e bíblica – representa 92% dos parlamentares que são contra o fim da escala 6x1, seguidos por 74% dos chamados independentes.

 

 

O projeto escancara uma divisão de classe dentro do Legislativo: quem deveria representar o povo opta por proteger os interesses de quem lucra com a exploração da mão de obra barata, a pequena elite brasileira, branca, aristocrata que nunca rompeu com a escravidão.

 

 

Enquanto a proposta de humanizar a jornada de trabalho é barrada, pautas que favorecem o capital avançam com apoio expressivo: 83% apoiam a exploração de petróleo na Amazônia. O cenário escancara a lógica perversa que rege o Congresso: enquanto se nega dignidade aos trabalhadores, mantém-se intocados os privilégios das elites.

 

 

Outra proposta, a que limita os supersalários, aqueles que ultrapassam os R$ 100 mil, tem rejeição semelhante à do fim da 6x1. É a síntese do projeto ultraliberal que domina a política brasileira: de concentração de renda, ampliação da desigualdade e blindagem dos mais ricos.