Denúncia expõe abusos do Santander
A lógica perversa do lucro a qualquer custo levou o Santander a aprofundar a pejotização, estratégia que transfere responsabilidades do banco para os próprios trabalhadores.
Por Julia Portela
O fechamento em massa de agências e a terceirização de serviços essenciais fazem parte de uma política cruel adotada pelo Santander no Brasil. Com o objetivo de reduzir custos, o banco foi formalmente denunciado à Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça, por práticas que atacam frontalmente os direitos dos trabalhadores e comprometem a qualidade do atendimento à população.
A lógica perversa do lucro a qualquer custo levou o Santander a aprofundar a pejotização, estratégia que transfere responsabilidades do banco para os próprios trabalhadores. Com isso, os funcionários PJ acumulam mais tarefas, têm jornada maior e menos direitos, enquanto a empresa bate recorde de lucro – R$ 3,4 bilhões só no primeiro trimestre.
Ao mesmo tempo, o esvaziamento das agências limita o acesso da população, especialmente os clientes que dependem do atendimento presencial, como idosos e pessoas com baixa renda. Segundo a denúncia, as medidas foram intensificadas desde 2020.
O resultado é a exclusão de milhares de clientes e o aprofundamento das desigualdades. Além disso, mesmo com a redução de custos operacionais, o banco não repassou nenhum benefício aos clientes, as tarifas seguem altas, e os serviços cada vez mais precários.
A prática não é modernização, é desmonte. Ao descartar profissionais qualificados, migrar para o digital de forma excludente e enfraquecer os sindicatos por meio da pejotização — já que PJs não são sindicalizados — o Santander ataca não só os trabalhadores, mas toda a sociedade. O Sindicato dos Bancários da Bahia repudia o modelo predatório e segue fiscalizando e denunciando toda e qualquer violação dos direitos da categoria.