Algoritmo de guerra
Empresas que nasceram como plataformas de redes sociais e ferramentas de busca se transformaram em oligopólios globais, monopolizando dados, mercados e agora, expandindo seu domínio para os negócios da guerra.
Por Julia Portela
Em mais um movimento estratégico, chefes das maiores empresas de tecnologia do mundo - Meta, Apple, Microsoft e OpenAI - participaram de um jantar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Casa Branca. O encontro, que se segue à presença dessas corporações na posse de Donald Trump, evidencia o alinhamento direto das Big Techs com o núcleo duro do poder político e econômico norte-americano.
Empresas que nasceram como plataformas de redes sociais e ferramentas de busca se transformaram em oligopólios globais, monopolizando dados, mercados e agora, expandindo seu domínio para os negócios da guerra. A retórica da “neutralidade” digital não se sustenta diante da aliança dessas corporações com o complexo industrial-militar dos Estados Unidos.
A inteligência artificial, tratada por essas empresas como avanço tecnológico, tem sido usada como instrumento de vigilância e repressão. A partir do cruzamento massivo de dados digitais, as plataformas são capazes de identificar padrões de comportamento e criar modelos para mapear militantes políticos, ativistas e simpatizantes de movimentos considerados “ameaças” à ordem estabelecida. O alvo, muitas vezes, são povos em resistência.
A estrutura tecnológica criada pelas Big Techs alimenta diretamente a lógica da guerra, da vigilância em massa e da desumanização. Por trás da promessa de inovação, há uma máquina de controle a serviço do capital, que atua para transformar vulnerabilidades humanas em oportunidades de lucro e poder geopolítico.
Não se trata apenas de avanço digital, mas de um projeto de dominação. As grandes empresas de tecnologia operam em nome do capital, sem qualquer compromisso com a soberania dos povos ou com os direitos humanos. Desmascarar esse projeto é uma tarefa urgente e necessária.