Da Cidade da Bahia aos sertões
No artigo, jornalista e escritor Jolivaldo Freitas analisa a evolução da região Oeste da Bahia, que sempre foi um sertão bravo, de jagunços, de briga por terra.
A região Oeste da Bahia sempre foi um sertão bravo, de jagunços, briga por terra. Muito melhorou, mas não pense que se transformou num paraíso, apesar dos seus maiores municípios – Barreiras e Luiz Eduardo – estarem com pujança no desenvolvimento agrícola. Veja que a projeção para este ano é que a produção de grãos no oeste da Bahia deve continuar crescendo e a despeito da queda nos preços das commodities a safra chegará a 11,7 milhões de toneladas de soja, milho, algodão, sorgo e trigo. Na parte mais pobre da região os conflitos continuam e a ausência de autoridade deixa tudo num clima, digamos... de faroeste.
Em meu livro “A Peleja dos Zuavos Bahianos contra Dom Pedro, os Gaúchos e o Satanás” as questões históricas, ficcionais, culturais e geográficas têm como cenários a Cidade da Bahia de Todos os Santos, o recôncavo e o sertão, com destaque para o território ribeirinho do São Francisco em sua parte oeste. Embora o livro venha numa corrente contínua, quase que linear, a partir do século XIX e desaguando nos anos 1970 – pegando revoltas e questões políticas pós-Guerra do Paraguai – do muito que mostro na ficção, parece ser ainda uma realidade social e política no Oeste.
Pode parecer que existe muitíssima riqueza. Na verdade, existe uma certa riqueza, mas que não atinge a absoluta maioria dessa parte do sertão, da Chapada e dos gerais, ou seja, o sertãozão. Temos ainda muitos conflitos agrários e sem a participação do apoio governamental tudo podia estar pior. Dom Pedro II, que uso como personagem no livro, não deu muita atenção para a região. Área buscada a princípio e também devastada pelos bandeirantes que chegaram em busca do ouro e de fazer os índios de presas para a escravidão.
Mesmo hoje, com a imensa possibilidade de diversas regiões virem a se transformar em celeiros, por toda a região do São Francisco, os investimentos são poucos e se área como a do Oeste trazem alegria econômica, desenvolvimento e riqueza para a Bahia, isso se deve à luta dos empreendedores particulares, físicos, aos desbravadores. Novos “bandeirantes” que vieram cuidar do solo e gerar sementes. E como sertanejo não claudica, pode haver futuro.
*Jolivaldo Freitas é jornalista e escritor