O Brasil das iniquidades convive com o tumor das milicias
No artigo, diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e presidente do IAPAZ, Álvaro Gomes,fala sobre a política de segurança pública, com foco nas milícias.
A política de segurança pública até então tem demonstrado ser ineficiente e a violência assustadora em nosso país tem raízes fincadas na estrutura do estado e absorvida por parte da sociedade dentro de uma lógica de recrudescimento da repressão e do aumento da punição para os “criminosos”. Acontece que boa parte dos “bandidos” estão incrustrados na estrutura do estado e também nos setores ricos da sociedade.
As milícias, formadas principalmente por policiais da ativa e aposentados, com o discurso de combater o narcotráfico, se transformaram em verdadeiras quadrilhas e em muitos casos se uniram aos traficantes para aumentarem seus lucros a partir de ações criminosas, assim setores da segurança pública que deveriam assegurar a tranquilidade da população já dominam mais da metade do território do Rio de Janeiro, contribuindo para aumentar a violência.
“O Brasil das iniquidades convive, pacificamente, com o tumor das milícias, profundamente entranhado no recôndito de várias esferas de governo e que, em nome de uma aparência de paz, aniquila a possibilidade de fruição dos bens da vida ínsitos à civilização”. (Antônio Batista Gonçalves, Milicias; O terceiro Poder que Ameaça a Autoridade do Estado Brasileiro e o Domínio das Facções Criminosas, p.13, Edições 70. Edição do Kindle).
Recentemente, quatro policiais foram presos no Rio de Janeiro, dia 19/10/23 na operação Drake, deflagrada pelo Ministério Público e a Polícia Federal, porque estavam envolvidos com o tráfico de drogas, eles são suspeitos de venderem e escoltaram 16 toneladas de maconha para o Comando Vermelho. Um outro fato que também chamou a atenção foi o roubo de 21 metralhadoras do quartel do exército em Barueri, onde foi notado o seu desaparecimento dia 10/10/23. (G1,17/10/23).
No Rio de Janeiro, o miliciano Matheus da Silva Rezende foi morto, em conflito com policiais civis, dia 23//10/23, após este fato, o Rio viveu um dia de terror onde os criminosos queimaram 35 ônibus e um trem. Isso mostra a força dos milicianos que dominam parte considerável do território carioca.
O caminho para combater a violência é sem dúvida atacar as suas raízes com políticas de redução das desigualdades sociais e ao mesmo tempo buscando identificar os verdadeiros criminosos, onde boa parte esta incrustrada nos órgãos de segurança, nas estruturas do estado e nas camadas mais ricas da sociedade, no Brasil e no exterior.
*Álvaro Gomes é diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e presidente do IAPAZ