O desafio do envelhecimento no mercado de trabalho
Patrícia Ramos fala sobre as dificuldades das relações de trabalho envolvendo pessoas 60+.
Segundo o censo demográfico de 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número total de pessoas idosas em nosso país cresceu 57,4% em 12 anos. Entre os principais fatores para o envelhecimento populacional estão o aumento da expectativa de vida e a queda na taxa de fecundidade. Dados, também do Censo 2022, divulgados em junho de 2025, revelam a média de 1,55 filho por mulher, atingindo o menor nível histórico.
Essa mesma fonte aponta que a taxa de participação no mercado de trabalho para pessoas com 60 anos ou mais, atingiu 24,0% no quarto trimestre de 2023. No total, há cerca de 8,9 milhões de pessoas idosas ocupadas no país, um crescimento de mais de 70%, em 12 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Economia (IBRE-FGV). No entanto, mais de 50% dessa população está em ocupações informais, refletindo num desafio para a inserção qualificada dessa população no mercado de trabalho.
Para se manter no emprego, retornar a ele, ou outro emprego formal, exige-se tanto da pessoa idosa, quanto das organizações, uma adequação que ainda não se consegue dar conta.
Culturalmente é muito comum que nossa sociedade caminhe para a exclusão da pessoa idosa. O entendimento geral é que tal pessoa não serve mais às instituições, porque há um foco maior nas limitações próprias da idade, do que na experiência de vida que tem a seu favor.
Embora não seja uma questão declarada, há uma preocupação com um eventual adoecimento, que pode acarretar custos adicionais às empresas, muito embora, independentemente da idade, muitas delas optem por proporcionar assistências médicas cada vez mais limitadas e precárias.
As sociedades capitalistas do mundo globalizado estão diante de um desafio nas relações de trabalho envolvendo pessoas 60+. Os modelos de ocupação constituem um crucial problema, que precisa ser discutido e solucionado, a fim de se diminuir a discriminação, a vulnerabilidade e a exclusão social a que estão expostas as pessoas nessa faixa etária.
*Patrícia Ramos é funcionária do banco Santander e diretora de AposentAção do SBBA