Home
>
Artigos

O suicídio é evitável

No artigo, o diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e presidente do IAPAZ, Álvaro Gomes, fala sobre a campanha preventiva contra o suicídio.

O dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha preventiva ocorre durante todo mês. O lema deste ano é “Se precisar, peça ajuda”. Na realidade, a pessoa da fim à própria vida em função das condições adversas que se tornam insuportáveis, sejam relacionadas as condições de miserabilidade, sejam relacionadas a outros fatores presentes em todas as classes sociais.


Ainda no século XIX, Marx ressaltava que numa “sociedade de luta e competição impiedosas, de guerra de todos contra todos, somente resta ao indivíduo é ser vítima ou carrasco. Eis, portanto, o contexto social que explica o desespero e o suicídio”. (Karl Marx. Sobre o suicídio, 77-80. Edição do Kindle). Ele se referia a sociedade capitalista da época, marcada pela opressão e exploração.


Não resta dúvida, portanto, que uma pessoa comete suicídio quando a situação é insuportável, onde ela chega a conclusão que a única forma de acabar com o sofrimento é a morte. Em muitos casos as vítimas deixam a marca do tormento como o bancário que se suicidou em 1993, deixando o seguinte bilhete “Este suicídio não tem ninguém culpado a não ser o Baneb. Pois não suporto mais esta vida de cão. Por favor, não condenem ninguém da minha família, Adeus”


Este suicídio se deu num contexto de forte opressão, exploração e demissões dos funcionários do Baneb que estava sendo desmontado para privatização. Entre 1992 e 1993 ocorreram 4 suicídios. Enquanto a taxa de suicídio na Bahia neste período era de 1/100.000, no banco era de 35/100.000, isso mostra a importância de combater o trabalho opressivo que aumenta o sofrimento humano.


No mundo, a taxa de suicídio caiu 36% em 20 anos. No Brasil, ocorreu o inverso, aumentou. Entre 2011 e 2020, foram registrados 115.469 suicídios, média de, aproximadamente, 6 casos por 100 mil habitantes a cada ano. (Rev Panam Salud Publica 46, 2022). O desafio de todos nós é buscar medidas preventivas para evitar as mortes. A campanha do Setembro Amarelo é uma importante iniciativa.


O suicídio é evitável, por isso é preciso identificar os sinais que poderão consumar o ato e buscar solução. A sociedade e o Estado devem propiciar meios para o tratamento das pessoas que estão em sofrimento, viabilizando medidas necessárias para evitar a morte, cuja ideação suicida sendo identificada a tempo, pode ser evitada.  


*Álvaro Gomes é diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e presidente do IAPAZ