Demissões precarizam atendimento e condições de trabalho

Apesar de extremamente lucrativos, mesmo durante a crise gerada pela pandemia de Covid-19, o setor bancário demitiu mais de 12 mil bancários em todo o país no ano passado. Não há justificativa para as dispensas, já que somente nos nove primeiros meses de 2020 a lucratividade dos cinco maiores bancos do país (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander) somou R$ 53,383 bilhões. Com o déficit de funcionários nas agências, as filas são recorrentes e a sobrecarga de trabalho também. 

Além das demissões, há outro fator que contribui para a precarização do atendimento e das condições de trabalho: o número elevado de afastamento de trabalhadores. O Departamento de Saúde do Sindicato dos Bancários da Bahia registrou na sua base em Salvador e Região Metropolitana, em 2020, um aumento de 1.418% de afastamentos por doença ocupacional em relação ao ano de 2019.

O índice altamente expressivo pode ser ainda maior, uma vez que não leva em consideração doenças comuns que dão direito ao auxílio doença, além dos bancários que não passam pelo Departamento de Saúde, como os trabalhadores do grupo de risco que estão em home office. 

Entre os casos registrados pelo Sindicato há um forte aumento de doenças psicológicas, em função não só da pandemia, mas também pelo clima tenso dentro das agências, com cobrança exagerada de metas e o medo pela onda assustadora de demissões. 

O presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, Augusto Vasconcelos, critica a postura do sistema financeiro. “Após a reforma trabalhista, os bancos aproveitaram para promover desligamentos em massa, o que prejudica diretamente as pessoas que dependem de atendimento e adoece ainda mais os funcionários que estão na linha de frente. Ao mesmo tempo, está em curso um processo de desmonte dos bancos públicos promovido pelo governo, com fechamento de agências e abertura de Programas de Desligamento Voluntário, sem contratar novos empregados, o que tem gerado sobrecarga excessiva de trabalho”.

Durante todo o ano passado, o Sindicato realizou campanha contra as demissões no setor bancário, além de participar de reuniões mensais com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), tratando das condições de trabalho e atendimento à população durante a pandemia. “Seguiremos pressionando para que os bancos respeitem a sociedade”, finaliza Augusto Vasconcelos.