Inflação agrava endividamento, enquanto bancos lucram

A lucratividade dos bancos no Brasil só faz crescer, mesmo em um difícil cenário econômico. O país passa por um processo de endividamento elevado, agravado à alta do desemprego, queda na renda, inflação descontrolada e, consequentemente, perda no poder de compra. Por outro lado, o lucro dos cinco maiores bancos em operação no país, ano passado, rendeu R$ 107,7 bilhões, com crescimento de 34%.


Prova de que as coisas não estão nada fáceis. Segundo a nova versão da Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), o percentual de famílias com dívidas a vencer chegou a 77,7% em abril de 2022, o maior nível desde janeiro de 2010, início da série histórica.


Em 2021, a proporção de endividados era de 67,5%. Já a parcela das famílias que declaram não ter condições de pagar as dívidas e permanecerão inadimplentes também aumentou e chegou a 10,9% do total.


Pressionado pela inflação, cresce a necessidade de crédito. O mais recorrente é o cartão de crédito, que gerou um endividamento de 88,8% das famílias. A pesquisa revelou que 91,6% das casas com renda mais elevada, acima de 10 salários mínimos, possuem dívidas nesta modalidade.


Se o cenário de inadimplência onera milhares de famílias, os bancos mantiveram o crescimento de lucratividade, mesmo com a pandemia no país. Somente no final do 1º trimestre de 2022, o lucro dos cinco maiores bancos juntos – Itaú, Bradesco, Santander, BB e Caixa - chegou a R$ 27,6 bilhões, com alta média de 15,4% em 12 meses. O rentismo contribui, e muito, para o agravamento da inflação, que já está acima dos dois dígitos.