Santander: capital contra a floresta

Enquanto posa de sustentável em campanhas publicitárias, o Santander banca o desmatamento industrial na América do Sul. Ao financiar o conglomerado Cresud-BrasilAgro, o banco espanhol alimenta um modelo que lucra com a devastação de biomas e a expulsão de povos indígenas.

Por Camilly Oliveira

Enquanto posa de sustentável em campanhas publicitárias, o Santander banca o desmatamento industrial na América do Sul. Ao financiar o conglomerado Cresud-BrasilAgro, o banco espanhol alimenta um modelo que lucra com a devastação de biomas e a expulsão de povos indígenas.

 


Na teoria, o discurso é verde, mas na prática o Cerrado e o Gran Chaco, segunda maior floresta da América do Sul, viram pó, queimados pela ganância e legitimados por certificações que maquiam a destruição.

 


Relatório da Global Witness mostra que o Santander despejou US$ 1,3 bilhão (R$ 7,3 bilhões) na Cresud desde 2011, ocupando o topo da lista de financiadores. A empresa desmatou 170 mil hectares, área maior do que a cidade de São Paulo, na Argentina, Bolívia, Paraguai e Brasil.

 


Só na fazenda Chaparral, na Bahia, foram 10 mil hectares em apenas três anos. O grupo compra terras baratas, derruba florestas, planta soja e cria gado, enquanto apresenta este ciclo como “transformação produtiva”. Cinismo que fertiliza o lucro.

 


Mesmo prometendo cortar vínculos com atividades predatórias, o Santander segue sem responder objetivamente às denúncias. O banco posa de ambientalmente responsável, mas financia a engrenagem que troca florestas por soja e vidas por dividendos. Na real, a floresta morre nas motosserras, e no silêncio cúmplice do mercado financeiro.