Bancos aprofundam desigualdades no interior

A propaganda de “modernização” esconde o verdadeiro projeto de cortar custos, engordar os cofres e deixar comunidades inteiras à própria sorte. Para se ter ideia, Itaú, Bradesco e Santander encerraram as atividades de 856 agências no Brasil apenas ano passado. 

Por Camilly Oliveira

Enquanto os bancos privados conquistam lucros bilionários e alimentam a narrativa da digitalização, 36 cidades baianas foram simplesmente apagadas do mapa financeiro. Sobram filas, viagens forçadas e um comércio sufocado pela ausência de dinheiro. 

 


A propaganda de “modernização” esconde o verdadeiro projeto de cortar custos, engordar os cofres e deixar comunidades inteiras à própria sorte. Para se ter ideia, Itaú, Bradesco e Santander encerraram as atividades de 856 agências no Brasil apenas ano passado. 

 


Desde 2014, foram extintas mais de 5 mil unidades. Na Bahia, a situação é crítica. O Bradesco, por exemplo, fechou postos de atendimento em 36 cidades no Estado. Muitas ficaram sem qualquer serviço da empresa. Agora, a população tem de se deslocar para outras cidades. Um transtorno.

 


Os bancos argumentam ser baixa demanda, mas ignoram que 43% casas dos baianos não têm internet decente para sequer tentar usar um aplicativo. Sem agência, o prejuízo é imediato, com mais de 1.200 bancários dispensados ou jogados em “realocações” forçadas. 

 


O comércio local perde força, a renda vai embora e milhares de aposentados precisam enfrentar estradas precárias para conseguir dinheiro vivo. Não existe transação digital que pague a feira no interior ou resolva a vida do agricultor que nunca teve acesso ao Pix. A cidade que perde um banco perde também parte da capacidade de resistir economicamente.

 


A digitalização virou desculpa para um modelo que abandona municípios inteiros, desestrutura empregos e transforma o direito ao acesso bancário em privilégio. O interior baiano, mais uma vez, paga a conta da concentração e do desmonte.