Sem verde, sem perspectiva

Áreas que, por lei, deveriam estar protegidas estão sendo entregues à exploração desenfreada do garimpo ilegal e ao avanço predatório do agronegócio. Embora essa pauta possa parecer distante da realidade urbana, os efeitos dessa destruição já se manifestam no cotidiano das cidades.

Por Julia Portela

O índice de devastação ambiental segue em crescimento acelerado no país. Áreas que, por lei, deveriam estar protegidas estão sendo entregues à exploração desenfreada do garimpo ilegal e ao avanço predatório do agronegócio. Embora essa pauta possa parecer distante da realidade urbana, os efeitos dessa destruição já se manifestam no cotidiano das cidades.

 

 

Levantamento realizado pelo Instituto Cidades Sustentáveis, com base em questionário respondido por 3.500 pessoas, aponta que os principais problemas ambientais variam conforme a região, mas refletem um quadro comum de abandono: calor excessivo, enchentes, poluição da água e do ar, ausência de coleta seletiva e deficiências no abastecimento são algumas das reclamações mais recorrentes.

 

 

Entre as soluções indicadas pela população estão medidas como controle rigoroso do desmatamento e da ocupação de áreas de mananciais, redução do uso de combustíveis fósseis no transporte público, ampliação das áreas de preservação ambiental, destinação adequada dos resíduos sólidos (com incentivo à reciclagem e à compostagem) e estímulo à construção com critérios sustentáveis.

 

 

No entanto, essas medidas esbarram em um modelo de gestão baseado no lucro acima da vida. O pensamento ultraliberal, que se alastra no poder público e nas esferas empresariais, tem colocado os interesses do capital acima do bem-estar coletivo e da saúde ambiental. É um projeto que ignora os trabalhadores, despreza o meio ambiente e compromete o futuro das próximas gerações.