Taxação dos mais ricos reduz desigualdades sociais
A alíquota mínima do Imposto de Renda sobre os 0,2% com maior poder aquisitivo do país, faixa que compreende quem recebe a partir de R$ 50 mil mensais, correspondentes a R$ 600 mil brutos por ano, garantiria, segundo o governo, o custeio da isenção do IRPF para 14,5% de contribuintes nas camadas menos abastadas.
Por Itana Oliveira
A análise publicada pelo Ministério da Fazenda só confirma o que o movimento sindical defende há tempos: a taxação dos mais ricos contribui para a melhora de vida dos mais pobres. A alíquota mínima do Imposto de Renda sobre os 0,2% com maior poder aquisitivo do país, faixa que compreende quem recebe a partir de R$ 50 mil mensais, correspondentes a R$ 600 mil brutos por ano, garantiria, segundo o governo, o custeio da isenção do IRPF para 14,5% de contribuintes nas camadas menos abastadas.
O estudo analisou três cenários: o primeiro manteve o modelo atual, que permite que os super-ricos paguem em proporção menor do que os mais pobres, uma divisão injusta, visto que a porcentagem cobrada de quem está no topo é ínfima se comparada ao montante salarial recebido, e ainda mais grotesca se levado em conta que quem recebe menos paga proporcionalmente mais.
O segundo cenário isenta quem recebe até R$ 5 mil e aplica desconto para quem recebe R$ 7 mil. No entanto, apesar de ser minimamente vantajoso, a classe alta continuaria intocável e a injustiça permaneceria.
Já o terceiro cenário busca melhor equilíbrio entre as partes. A taxação dos mais ricos vai aumentando até atingir 10% para rendas a partir de R$ 1,2 milhão por mês, valor que fará diferença, visto que a disparidade entre as rendas é tão extensa, que uma cobrança mínima já apresentará melhora.
Segundo o próprio estudo, somente este terceiro cenário reduziria de fato as injustiças sociais no país. O índice de Gini, que mede a desigualdade de renda (quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade), cairia de 0,6185 para 0,6178 com a proposta. Sem a taxação dos super-ricos aumentariam o índice, piorando o cenário.