Baixa adesão ao DIU revela descaso com saúde feminina
Falta qualificação de médicos generalistas para esse tipo de atendimento, o que sobrecarrega ginecologistas e limita o acesso ao DIU nas UBSs.
Por Julia Portela
Apenas 19,7% das UBSs (Unidades Básicas de Saúde) do país realizam o procedimento de inserção do DIU (dispositivo intrauterino), segundo dados do Ministério da Saúde. O método, que é contraceptivo, reversível e de longa duração, é negligenciado pelas gestões municipais, embora esteja entre as diretrizes do SUS (Sistema Único de Saúde).
Além da falta de informação, resultado da ausência de campanhas educativas, a maioria dos profissionais das UBS não é preparada para realizar o procedimento. Sem falar no preconceito estrutural. O tabu sobre o corpo feminino ainda define políticas e práticas de saúde.
Falta qualificação de médicos generalistas para esse tipo de atendimento, o que sobrecarrega ginecologistas e limita o acesso ao DIU nas UBSs. É comum que profissionais sequer ofereçam o método como opção.
A desinformação perpetua mitos, como a ideia equivocada de que o DIU é abortivo. Essas narrativas, reforçadas pela negligência de gestões municipais em nível nacional, restringem ainda mais o acesso das mulheres ao direito básico de planejar a própria vida.