Desinformação e ultraliberalismo: o lucro acima da verdade

Plataformas como Google, Meta e X acumulam poder, mas se eximem de qualquer responsabilidade sobre os conteúdos que disseminam. A ausência de regulação permite que a desinformação se espalhe larga e livremente, colocando em risco o debate público, os direitos coletivos e a própria democracia.

Por Julia Portela

A circulação de fake news, o uso indiscriminado da IA (Inteligência Artificial) e a dificuldade de acesso a dados confiáveis em contextos de vulnerabilidade e guerra expõem uma grave crise de informação em escala global. Diante deste cenário, cresce a urgência de tornar a população mais consciente sobre a importância de buscar fontes fidedignas e de exigir responsabilidades das empresas que controlam o fluxo informacional.

 

As chamadas big techs, sob uma lógica ultraliberal que privilegia o lucro acima de tudo, operam hoje como verdadeiros monopólios digitais. Plataformas como Google, Meta e X acumulam poder, mas se eximem de qualquer responsabilidade sobre os conteúdos que disseminam. A ausência de regulação permite que a desinformação se espalhe larga e livremente, colocando em risco o debate público, os direitos coletivos e a própria democracia.

 

O uso da inteligência artificial por essas empresas segue a mesma lógica: não está a serviço da população, mas sim do capital. Em vez de fortalecer o acesso ao conhecimento, os algoritmos priorizam cliques e engajamento. A luta por transparência algorítmica, rastreabilidade e critérios públicos de verificação de conteúdo se torna, portanto, uma pauta urgente da sociedade civil.

 

A educação midiática deve ser tratada como um direito social. A omissão diante da desinformação não pode ser naturalizada. O mito de que “o mercado se regula sozinho” apenas fortalece estruturas de desinformação que se perpetuam com o avanço da era digital.