Trabalho como sinônimo de assédio

Variadas pesquisas confirmam o que já é frequentemente relatado: o assédio no ambiente de trabalho acumula cada vez mais números, tendo mulheres e idosos como os principais afetados, mas que fazem parte do mesmo alvo: o trabalhador.

Por Itana Oliveira

Variadas pesquisas confirmam o que já é frequentemente relatado: o assédio no ambiente de trabalho acumula cada vez mais números, tendo mulheres e idosos como os principais afetados, mas que fazem parte do mesmo alvo: o trabalhador.

 

Inspeção realizada com 67 empresas brasileiras aponta que equipes de serviços essenciais, como RH, TI, entre outros são os principais citados como agressores nas denúncias de assédio sexual e discriminação. No que se refere a má conduta geral e assédio moral, coordenações e gerências são os que aparecem com mais frequência.

 

Segundo a KPMG, auditoria financeira responsável pela pesquisa, 85% dos denunciantes não quiseram se identificar. Além do medo de reportar, há medo da retaliação após a exposição do caso.

 

Outro levantamento, do Instituto Locomotiva, ainda aponta que 55,6 milhões de brasileiros já passaram por situações de assédio, discriminação e preconceito no trabalho, dentre as quais 70% nem sequer foram comunicadas ao setor de recursos humanos das organizações. Além disto, a mesma pesquisa indica que 75% dos brasileiros acreditam que o mercado de trabalho favorece os homens.

 

O Panorama de Empregabilidade 2025 apontou que a discriminação começa ainda nos estágios iniciais, nos primeiros contatos, como nos processos seletivos. Dentre os relatos mais frequentes, estão as mulheres com 42% do total, seguido dos homens com 23%. A idade é outro fator determinante: 44% dos casos citados têm o etarismo como causa principal de preconceito. Entre a população com mais de 61 anos, este percentual é de 93%.

 

Os dados relatam o que é visto na prática: políticas para barrar comportamentos abusivos deixam de ter eficácia quando o agressor está acima dos canais de denúncia e da proteção ao trabalhador. O incentivo à manifestação é essencial, no entanto, o medo de retaliações é compreensível e justificável. A corda sempre arrebenta do lado mais fraco.