Contra o capital, o povo na Faria Lima
A pauta da taxação dos super-ricos é política. Não é um detalhe fiscal: é um confronto direto com os pilares que sustentam a desigualdade brasileira. Lutar para que grandes fortunas, lucros e dividendos sejam tributados é lutar por soberania popular, por dignidade coletiva, por redistribuição real de poder e de riqueza.
Por Camilly Oliveira
A ocupação do prédio mais caro do Brasil por trabalhadores organizados foi muito mais do que um protesto. Ao entrar o saguão de vidro e concreto comprado pelo Itaú por R$ 1,5 bilhão, os manifestantes rasgaram o verniz da normalidade neoliberal e expôs o centro nervoso de um país onde o poder financeiro reina acima da lei, da ética e da solidariedade.
O gesto de ocupar a Faria Lima, símbolo máximo do capital especulativo, escancarou a contradição central do Brasil contemporâneo: enquanto milhões vivem na informalidade, no desalento ou sob o peso de aluguéis impagáveis, bilionários seguem blindados pela estrutura tributária, acumulando riquezas sem devolver quase nada ao Estado e à sociedade.
Não foi um protesto “contra um banco”, mas um recado direto ao poder concentrado da elite financeira brasileira, representada com perfeição pelo Itaú, o maior banco privado da América Latina e trincheira dos interesses da família Setubal, símbolo da oligarquia financeira que impõe a agenda ultraliberal, a qual tanto sofrimento tem causado à população, especialmente as camadas mais pobres.
A pauta da taxação dos super-ricos é política. Não é um detalhe fiscal: é um confronto direto com os pilares que sustentam a desigualdade brasileira. Lutar para que grandes fortunas, lucros e dividendos sejam tributados é lutar por soberania popular, por dignidade coletiva, por redistribuição real de poder e de riqueza.