Trabalhador sedentário, sistema lucrando
O sedentarismo não é um problema isolado, mas parte estrutural de um modelo de sociedade voltado ao lucro. Um sistema que nos promete facilidades e conforto, mas que cobra caro com jornadas exaustivas, metas abusivas e esgotamento físico e mental. A realidade de muitos trabalhadores hoje é chegar em casa e deitar, esgotados, como se isso fosse normal. Não é.
Por Julia Portela
Com o avanço da tecnologia, o trabalho remoto e a cultura da individualização, cresce também o isolamento social e, com ele, o sedentarismo. Esse cenário, longe de ser apenas uma escolha individual, é reflexo direto de um sistema que pressiona, explora e adoece.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 1,8 bilhão de pessoas — cerca de 31% dos adultos no mundo — não atingiram os níveis recomendados de atividade física em 2022. Isso as coloca em maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, demência e diversos tipos de câncer.
O sedentarismo não é um problema isolado, mas parte estrutural de um modelo de sociedade voltado ao lucro. Um sistema que nos promete facilidades e conforto, mas que cobra caro com jornadas exaustivas, metas abusivas e esgotamento físico e mental. A realidade de muitos trabalhadores hoje é chegar em casa e deitar, esgotados, como se isso fosse normal. Não é.
Praticar atividade física virou ato de resistência. Desde uma caminhada no bairro até uma aula na academia, mover o corpo se tornou uma forma de romper com a lógica de adoecimento imposta pelo capital.
É urgente que o poder público invista em políticas de incentivo ao esporte comunitário, lazer acessível e transporte ativo, e que a sociedade encare o cuidado com o corpo como um direito coletivo, não como um privilégio individual. A luta por saúde e bem-estar também é uma luta de classe.