Nanoplásticos: a poluição invisível do capitalismo
Segundo estudo publicado na revista científica Nature, o volume de nanoplásticos no Atlântico Norte já ultrapassa 27 milhões de toneladas métricas - mais do que o peso de todos os mamíferos terrestres selvagens somados.
Por Júlia Portela
Contaminação em cérebros humanos, placentas e até na respiração de golfinhos. Todos já apresentam sinais de partículas plásticas minúsculas, conhecidas como microplásticos. Mas o problema vai além: os oceanos estão sendo tomados por partículas ainda menores, os nanoplásticos, que representam uma ameaça invisível e alarmante.
Segundo estudo publicado na revista científica Nature, o volume de nanoplásticos no Atlântico Norte já ultrapassa 27 milhões de toneladas métricas - mais do que o peso de todos os mamíferos terrestres selvagens somados. Essas partículas, do tamanho de bactérias, são invisíveis a olho nu, mas penetram profundamente nos corpos humanos e em ecossistemas inteiros.
Esta realidade não é um acidente. É consequência direta de um modelo econômico que coloca o lucro acima da vida. A indústria do plástico, com seu impacto ambiental brutal, é mantida por interesses corporativos que se recusam a investir em alternativas sustentáveis. Mudar o modelo significaria aumentar os custos, algo inaceitável para um sistema que quer maximizar lucros e minimizar responsabilidades.
Enquanto isto, seres humanos e a natureza são transformados em depósitos tóxicos. O corpo dos trabalhadores, o ar respirado, os alimentos consumidos e os mares que cercam a sociedade estão contaminados em nome de um falso progresso.
É urgente lutar por uma transição ecológica que não seja comandada pelo mercado, mas por políticas públicas que coloquem a vida e o bem comum no centro das decisões.