Câmara gasta mais de R$ 1 bilhão com funcionários sem controle de presença

Na Câmara existem cerca de 10 mil secretários parlamentares contratados pelos 513 deputados para atuar em Brasília ou no Estado pelo qual foram eleitos. Até esta segunda-feira (21/07), o número exato era de 9.972, o que representa 69% do total de servidores da casa.

Por Itana Oliveira

Embora o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (PR-PB), insista em cobrar do governo corte de gastos em áreas sociais, apesar de se opor ao aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e a taxação dos super-ricos, dados da Folha mostram que a casa atingiu recorde em gastos com funcionários sem controle de ponto.

 

Segundo levantamento do jornal paulista, a instituição gasta mais de R$ 1 bilhão por ano em salários, gratificações e auxílios pagos a funcionários que não tem jornada de trabalho controlada e nem sequer fiscalizada, ou seja, com uma grande parte é constituída de trabalhadores “fantasmas”.

 

Na Câmara existem cerca de 10 mil secretários parlamentares contratados pelos 513 deputados para atuar em Brasília ou no Estado pelo qual foram eleitos. Até esta segunda-feira (21/07), o número exato era de 9.972, o que representa 69% do total de servidores da casa.

 

A única evidência do trabalho é o atestado do próprio gabinete, geralmente incerto. No caso de Hugo Motta, por exemplo, há três funcionárias fantasmas, o que confirma a contradição entre a suposta defesa do corte de gastos e o uso do dinheiro público de forma indevida e irresponsável.   

 

O gasto com os secretários parlamentares bateu R$ 1 bilhão ano passado, mas subiu ainda mais na gestão do atual presidente da Câmara. No primeiro semestre de 2024, a despesa somou R$ 486,4 milhões, porém no mesmo período de 2025 chegou a R$ 539,2 milhões, aumento de quase 11%.

 

Outra situação comum para burlar o sistema é a contratação de parentes e aliados políticos. Hugo Motta contradiz mais uma vez o argumento de corte de gastos: o deputado empregou filhos, mãe e ex-sogra de políticos do seu partido. 

 

Enquanto a população brasileira busca a taxação dos mais ricos e grandes fortunas, o presidente da Câmara dos Deputados explora as finanças públicas com o discurso falso de corte de gastos. Pelo visto, quer cortar apenas no dinheiro destinado a aliviar a dor dos mais pobres.