Algoritmo e o sequestro da infância

Especialistas apontam que os algoritmos dessas empresas são projetados para estimular a exposição cada vez maior da vida privada, empurrando adultos e crianças a um espetáculo sem limites.

Por Julia Portela

O recente debate sobre o uso das redes sociais por crianças e a circulação de conteúdos que exploram a imagem de menores ganhou força nos últimos dias, após denúncias feitas pelo influenciador Felca Bress. O tema expõe uma ferida aberta: a completa ausência de regulação em plataformas que colocam o lucro acima da proteção da infância.

 

 

Especialistas apontam que os algoritmos dessas empresas são projetados para estimular a exposição cada vez maior da vida privada, empurrando adultos e crianças a um espetáculo sem limites. O resultado é a banalização da violência, a erotização precoce e a transformação da infância em mercadoria. Enquanto isso, os gigantes da tecnologia lavam as mãos diante dos crimes cometidos em seus espaços virtuais.

 

 

Não é por acaso. Essa lógica é a mesma que rege o modelo ultraliberal: tudo deve ser convertido em lucro, ainda que às custas da vulnerabilidade de milhões. A promessa ilusória de ascensão rápida através da internet alimenta histerias, agrava desigualdades e deixa as pessoas, especialmente as crianças, expostas a riscos incalculáveis.

 

 

É urgente a criação de leis que estabeleçam limites claros e mecanismos de proteção. A chamada adultização, que não se resume apenas à erotização, mas também à imposição precoce de padrões de consumo e comportamentos, ameaça a infância de forma brutal. Enquanto o Estado se omite, as empresas de tecnologia seguem lucrando com o futuro roubado de nossas crianças.