Quem muito ganha, pouco paga

Os dados ainda reforçam o que o movimento sindical denuncia há tempos. Quem está no topo da pirâmide social “tá de boa”. Quando mais alta a renda, maior a parcela de isenção.

Por Ana Beatriz Leal

Trabalhadores brasileiros que ganham salários a partir de R$ 6 mil pagam mais tributos do que milionários. A revelação do estudo do Sindifisco (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal) mostra o acerto da proposta do governo federal de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil e redução parcial quando a renda for entre este valor e R$ 7.350,00.

 

 

Os dados se baseiam nas declarações do Imposto de Renda de 2024, referentes ao ano-calendário de 2023. À época o salário era de R$ 1.320,00. O levantamento aponta que a maior distorção acontece entre a classe média, que recebe de 5 a 7 salários mínimos. Nesta faixa, a alíquota efetiva chegou a 6,63%. No caso de rendimentos entre R$ 19.800,00 e R$ 26.400,00 (15 a 20 salários mínimos), a tributação efetiva é de 11,40%.

 

 

Os dados ainda reforçam o que o movimento sindical denuncia há tempos. Quem está no topo da pirâmide social “tá de boa”. Quando mais alta a renda, maior a parcela de isenção. Entre contribuintes que ganham acima de 240 salários mínimos por mês (cerca de R$ 316,8 mil), 71% dos rendimentos são classificados como isentos ou não tributáveis. Do outro lado da corda, os trabalhadores de baixa renda, que têm somente 5% dos ganhos livres da mordida do leão.

 

 

Os endinheirados são privilegiados, de fato, em diversos aspectos. Aproximadamente 35% da renda declarada no IRPF 2024 foi de rendimentos isentos. Lucros e dividendos corresponderam a mais de R$ 700 bilhões.