Regulação das big techs para barrar império digital

Em meio aos desafios impostos pela ofensiva dos Estados Unidos, o debate sobre a regulação das big techs se torna ainda mais urgente. Principalmente por que as gigantes da tecnologia concentram poder econômico, político e tecnológico.

Por Ana Beatriz Leal

Em meio aos desafios impostos pela ofensiva dos Estados Unidos, o debate sobre a regulação das big techs se torna ainda mais urgente. Principalmente por que as gigantes da tecnologia concentram poder econômico, político e tecnológico. O governo federal, inclusive, deve enviar dois projetos ao Congresso Nacional, ainda este mês, que tratam do tema.
 

O alerta da UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), sobre como os mercados digitais estão cada vez mais concentrados, serve para reafirmar que é acertada a iniciativa do Brasil, de atuar em duas frentes principais para superar a questão: regulação e soberania tecnológica.
 

Um número diminuto de empresas controla uma parcela cada vez mais crescente da atividade mundial. Entre 2017 e 2025, a participação combinada das cinco maiores multinacionais digitais nas vendas globais pulou de 21% para 48%. No total de ativos, a fatia saltou de 17% para 35%. 
 

A dominação é tão grande que, no mercado de IA generativa, a OpenAI, que é apoiada pela Microsoft, detém 56,3% das visitas mensais entre os 10 sites mais acessados, seguidos pela própria Microsoft (18,5%) e Google (3,2%).
 

Além disto, NVIDIA, Microsoft, Apple, Amazon, Alphabet (Google), Meta e Broadcom, ou seja, sete das 10 empresas mais valiosas do mundo, também são gigantes digitais. 
 

Para além dos setores, as organizações têm presença expressiva em toda a cadeia tecnológica, seja computação em nuvem, comércio eletrônico, Inteligência Artificial, publicidade, redes sociais e infraestrutura de dados. Por isto, o Brasil tem de agir para desestabilizar o império digital.