Isenção do IR impulsiona economia
Com a isenção do IR para trabalhadores com salários até R$ 5 mil, mais dinheiro vai circular nas mãos dos consumidores, que injetarão os seus rendimentos no mercado interno. É um efeito em cadeia. Vai aquecer a demanda e impulsionar a produção.
Por Ana Beatriz Leal
Em meio ao contexto de juros altos, com a Selic fixada em 15%, por conta da política restritiva do Banco Central, para felicidade dos rentistas em detrimento do crescimento do país e da população, o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) observa que a aprovação do projeto do governo, que prevê isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, aliada à taxação dos chamados "super-ricos", pode estimular a economia já a partir de 2026.
Com a isenção do IR para trabalhadores com salários até R$ 5 mil, mais dinheiro vai circular nas mãos dos consumidores, que injetarão os seus rendimentos no mercado interno. É um efeito em cadeia. Vai aquecer a demanda e impulsionar a produção.
O projeto, em tramitação no Congresso Nacional, onde encontra resistência da oposição de extrema direita, prevê que pessoas com rendimentos anuais a partir de R$ 600 mil passem a contribuir com alíquota de 10%, além da taxação de lucros e dividendos distribuídos por empresas. A proposta inclui percentuais progressivos que chegam a 10% para quem recebe mais de R$ 1,2 milhão por ano em dividendos.
Além de aumentar o poder de consumo das famílias de renda média, a proposta também busca corrigir distorções no sistema tributário brasileiro. Hoje, segundo dados do Dieese, um trabalhador que ganha R$ 5 mil mensais paga cerca de 9,57% da renda em tributos diretos. Já contribuintes com rendimentos muito mais altos não chegam a 2,5%. Incoerente.
Corrigir esta incongruência é um passo importante para garantir justiça fiscal. Além disto, a taxação dos super-ricos ajudaria a compensar a perda de arrecadação estimada em R$ 26 bilhões com a ampliação da faixa de isenção. Sem este reequilíbrio, o governo corre o risco de comprometer a meta fiscal e enfrentar dificuldades para manter os investimentos públicos e programas sociais, essenciais para reduzir as desigualdades.