Saúde Caixa: mobilização crescente
O Saúde Caixa atende hoje 275 mil pessoas em todo o Brasil, entre titulares e dependentes, e está no centro de uma disputa que ameaça o direito à saúde de milhares de trabalhadores e aposentados. A categoria já fala em greve nacional, caso a direção da Caixa mantenha a intransigência e o silêncio diante das reivindicações.
Por Camilly Oliveira
A terça-feira (07/10) foi marcada por forte mobilização em defesa do Saúde Caixa. Agências em Salvador, Armação, Caminho das Árvores, Cabula, Relógio de São Pedro, TRT e Imbuí, paralisaram as atividades em protesto contra o teto de 6,5% da folha salarial imposto aos gastos da empresa com o plano de saúde.
O Saúde Caixa atende hoje 275 mil pessoas em todo o Brasil, entre titulares e dependentes, e está no centro de uma disputa que ameaça o direito à saúde de milhares de trabalhadores e aposentados. A categoria já fala em greve nacional, caso a direção da Caixa mantenha a intransigência e o silêncio diante das reivindicações.
Desde fevereiro, os empregados cobram o fim do teto de 6,5% e a preservação dos princípios que sustentam o modelo solidário do plano: mutualismo e pacto intergeracional. A proposta apresentada pelo banco, prevê a cobrança por faixa etária e aumento de mensalidades, é vista como uma tentativa de empurrar o plano para o modelo de mercado, inviabilizando a permanência dos aposentados.
A Caixa, até agora, não apresentou proposta oficial para o novo acordo coletivo, que vence no fim do ano. A presidente da Feeb BA/SE, Andrea Sabino, classificou a situação como “Vergonhosa, abusiva e desrespeitosa com quem faz o lucro da empresa. A luta é coletiva, da sociedade, dos funcionários e dos clientes. Precisamos protestar juntos para dar um basta”.
A presidente da AGECEF, Karem Santana destacou que o banco “não vem sendo transparente com os gastos e tenta forçar a categoria a aceitar uma proposta inadmissível”, enquanto o presidente do SBBA Elder Perez, lembrou que “os bancários estão entre os trabalhadores que mais adoecem, sobretudo na saúde mental, e não pedem nada além de justiça”.
O diretor do Sindicato, Antonio Messias afirmou que “a Caixa teve chance de acabar com o teto e não o fez. Só conseguiremos êxito com paralisação”. O também diretor, Érico de Jesus reforçou a gravidade: “Houve aumento de 71% no plano. A proposta foi rejeitada porque está fora da realidade”.
Desde 2017, quando o governo Temer iniciou o processo de desmonte do plano, o Saúde Caixa vem sofrendo ataques que ferem a essência pública e solidária. A cobrança por faixa etária rompe o pacto histórico e ameaça expulsar os mais velhos, com reajustes anuais de até 20% nas mensalidades, além de agravamentos por idade e renda. O modelo, além de excludente, é insustentável, já que muitos empregados e aposentados não terão como arcar com os custos e acabarão abandonando o convênio.