Em briga de marido e mulher, se mete a colher

O estudo, que teve abrangência nacional e entrevistou 21.641 mulheres, afirma que 3,7 milhões de brasileiras viveram um ou mais episódios de agressão doméstica nos últimos 12 meses. Para 58% das entrevistadas, a situação é recorrente há mais de um ano. Entre elas, 58% buscaram apoio da família após as ocorrências, 53% recorreram à igreja e 52% buscam amigos. 

Por Itana Oliveira

A afirmação “em briga de marido e mulher, não se mete a colher” acompanha o imaginário do brasileiro há séculos, baseada, especialmente, na crença de que a esposa é propriedade do homem. Mesmo a Lei Maria da Penha, que permite denúncia feita por terceiros, não somente a vítima, o cenário não apresentou suficientes mudanças. Segundo pesquisa do DataSenado, cerca de 71% das violências sofridas tinham a presença de testemunhas e em 40% destas a pessoa agredida não teve ajuda. Em 70% dos casos, havia a presença de crianças. 

 

O estudo, que teve abrangência nacional e entrevistou 21.641 mulheres, afirma que 3,7 milhões de brasileiras viveram um ou mais episódios de agressão doméstica nos últimos 12 meses. Para 58% das entrevistadas, a situação é recorrente há mais de um ano. Entre elas, 58% buscaram apoio da família após as ocorrências, 53% recorreram à igreja e 52% buscam amigos. 

 

Após buscar ajuda, apenas 28% registraram denúncia e 11% acionaram o Ligue 180, central de atendimento à mulher. Esta informação está diretamente relacionada ao desconhecimento em relação à Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, e outras ferramentas de proteção. A investigação mostrou que 67% conhecem pouco a legislação e 11% desconhecem completamente. O desconhecimento atinge mais quem tem menor renda, baixa escolaridade e idade acima de 60 anos.

 

Mulheres que sofrem violência doméstica, na maior parte das vezes, depende emocional ou financeiramente dos companheiros. Para interromper o ciclo, uma série de fatores precisam ser alinhados simultaneamente, como políticas de apoio psicológico e financeiro, além da conscientização da rede de apoio para que a vítima tenha estrutura interna para se desprender da situação, sem acreditar ter culpa.